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Ceramista Catarinense estreia exposição individual em São José

Depois de passar por Joinville e emocionar os visitantes, ceramista estreia na grande Florianópolis, exposição que utiliza-se como temática as cicatrizes presentes em todas as mulheres, intercaladas por textos poéticos que trazem reflexões a partir dessas marcas internas e externas, como forma de não fazê-las se repetir, faz deste projeto algo que transcende a arte.

               No dia 19 de abril, sexta-feira, a partir das 19h, estreia na Casa da Cultura Municipal Nesia Melo da Silveira, em São José, na grande Florianópolis, a exposição individual da ceramista Diomedes Niebuhr intitulada: “Cicatrizes – Pequenas Colunas de Mulheres Que Não Mais Se Permitem a Ferida”.   O local escolhido pela produção da segunda apresentação da exposição em Santa Catarina, vem de encontro com o projeto, já que Nésia, que dá nome a Casa da Cultura, foi a primeira ceramista registrada no Estado de Santa Catarina, e uma guerreira incansável na luta pela cultura de São José. Falecida em 23 de julho de 1994, Dona Nésia trabalhou 48 anos na fabricação de peças de olaria e foi a introdutora do boi-de-mamão, pau de fita, orquestra de sapos e presépios de natal em argila na região. O projeto cultural é realizado com recursos do Governo do Estado de Santa Catarina, pela Fundação Catarinense de Cultura (FCC), por meio do Prêmio Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura – Edição 2023.

               Diomedes vem numa crescente criativa, tendo sempre a mulher como fonte de inspiração, principalmente, ao enfrentamento que a mesma faz, através dos tempos, para o empoderamento. A exposição conta com curadoria e textos poéticos do escritor integrante da Academia Joinvilense e Letras, Marinaldo de Silva e Silva, expografia de Soraia Silva e produção da Capital Criativo.  A exposição é interativa e reflexiva, com apontamentos muito contemporâneos e urgentes em relação a posição e a importância da mulher como núcleo vital na sociedade, traçando um olhar reflexivo e motivacional sobre o envelhecimento e seus limites físicos e criativos por meio de sua criadora.

               A 9ª exposição da ceramista é composta por 10 esculturas que apresentam, tanto por meio delas quanto de poemas escritos a partir delas, reflexões sobre as diferentes cicatrizes que permeiam a trajetória feminina. O público poderá fazer uma imersão nas obras expostas, com elementos táteis para a personificação de suas próprias dores, além de papéis que, escritos pelos mesmos e deixados numa urna chamada de “Caixa das Cicatrizes”, passando a fazer parte de todo o contexto expográfico para a produção de uma nova obra a ser feita, in loco, pela artista, no último dia em que ficará em cartaz, a artista irá queimar os escritos e com suas cinzas, misturada à argila, surgirá uma nova escultura. 

                Um projeto múltiplo, que não surge apenas na arte pela arte, pensado exatamente para transformar o olhar que, naturalizado pelo cotidiano, deixa passar sensações e percepções que a contemporaneidade tem apagado, tem tornado invisível. Com esculturas produzidas por uma artista septuagenária, que começou sua carreira, como aluna de cerâmica, após os 65 anos, um diferencial perante a sociedade atual onde à terceira idade são relegadas a casas de repouso, lares, comiseração e jogos de bingo. Ativa, Diomedes Niebuhr encontrou no conceito do “feminino” artifícios e inspirações para criar seu universo de argila, e encontrou nas diversas cicatrizes femininas a temática que, segundo ela, “promoverá uma pausa na correria para a observação daqueles cortes simbólicos perante recortes tão grandes feitos nas mulheres em toda a sua trajetória histórica”.

               Como contrapartida social, a artista visitará cinco ancionatos/lares de idosos, situados em diferentes cidades do norte de Santa Catarina, levando pedaços de argila, trabalhando, principalmente com as mulheres que estão alojadas nesses espaços, anciãs que, com a mesma idade da artista, inclusive, não tiveram a sorte de manterem suas relações sociais com a mesma liberdade. Nesses encontros, Diomedes Niebuhr ensinará técnicas simples de moldagem, buscando fazer com que esse processo seja terapêutico, e afetivo.

               Joinville foi o ponto de partida do projeto, que além de São José, passará por Criciúma.  Serão 10 torços, sendo obras totalmente diferentes das expostas anteriormente. Em cada cidade na estreia, um show de abertura com o cantor Thiago Cordeiro, que trará apenas canções com temática feminina, enaltecendo o valor de toda mulher. A exposição em São José, encerra-se no dia 20 de maio, segunda-feira, com performance da ceramista.

DIOMEDES NIEBUHR

               Nasceu em Ascurra, Santa Catarina, no ano de 1948. Reside em Joinville desde 1961, e de 2016 até o momento presente vem estudando, continuamente, desenho, anatomia, história da Arte e cerâmica na Casa da Cultura Fausto Rocha Júnior, em Joinville, Santa Catarina. Num constante processo de pesquisa tanto acadêmica quanto empírica, mantém em movimento seu olhar atento e sensível a calibrar mãos e dedos que esculpiram essas mulheres expostas. Produzindo dezenas de mulheres de terra, como Deus produziu do barro o primeiro homem, Diomedes Niebuhr carrega suas esculturas de cicatrizes e cortes, não apenas para espetacular a dor, mas para consagrar as marcas da trajetória de cada mulher. Tornou-se ceramista desde o momento que inicia os estudos da Escola da Artes Fritz Alt em Joinville, em 2016, pois dedicou décadas de sua vida à educação porém hoje é totalmente dedicada às artes.

CAPITAL CRIATIVO – Projetos Culturais, Assessoria Criativa e Eventos

               Capital Criativo é uma empresa de criação e assessoria em projetos culturais, responsável pela concepção poética e visual de diversos projetos em Joinville e cidades do região. Capital Criativo tem concebido diversas exposições, festivais, mostras, lançamentos de livros e atividades multiculturais. Constam na trajetória da Capital Criativo, eventos multiculturais, exposições de arte, eventos musicais e temáticos, projetos de literatura e eventos premiados de intervenções artísticas.

               A empresa Capital Criativo foi criada, com o intuito de criar e assessorar a criação de projetos culturais, sociais, esportivos, educativos, enxergando que essas ações auxiliam no transformação da sociedade, levando arte, cultura, desenvolvimento humano e elevação da educação global dos seres humanos.

CRONOGRAMA EXPOSIÇÕES

19 de abril (sexta-feira) até 20 de maio (segunda-feira)

Casa da Cultura Municipal Nesia Melo da Silveira – São José

21 de maio (terça-feira) até 11 de junho (terça-feira)

Espaço Toque de Arte – Galeria de Arte da Universidade do Extremo Sul Catarinense UNESC

SERVIÇO

O Quê: Exposição “Cicatrizes – Pequenas Colunas de Mulheres Que Não Mais Se Permitem a Ferida“, da ceramista Diomedes Niebuhr

Quando: estreia oficial, 19 de abril (sexta-feira) até 20 de maio (segunda-feira)

Onde:   na Casa da Cultura Municipal Nesia Melo da Silveira – Rua Padre Macário, 64 – Centro, São José – SC

Horário:  estreia às 18h

Visitaçãosegunda a sexta-feira das 9h às 12h e das 13h às 18h.

Quanto: entrada gratuita

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