Você já se perguntou se é possível manter amizades na vida adulta? A psicóloga do CEJAM, Ana Paula Ribeiro Hirakawa, oferece insights valiosos sobre como cultivar e fortalecer essas relações, mesmo em meio às responsabilidades e compromissos que a vida adulta nos impõe.
Conteúdos
A SOLIDÃO É O MAL DO SÉCULO?
Muitos afirmam que a solidão é o mal do século. De fato, a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a gravidade desse sentimento, tornando-o uma prioridade de saúde global para os próximos anos. Uma pesquisa realizada pela Meta-Gallup em 142 países revelou que um quarto da população mundial se sentia sozinha em 2023, representando aproximadamente um bilhão de pessoas. Suspeita-se que esses números possam ser ainda maiores, especialmente entre adultos com idades entre 19 e 29 anos.
OS EFEITOS DA SOLIDÃO NA SAÚDE
A falta de alguém para compartilhar momentos pode trazer sérios prejuízos à saúde. De acordo com a Brigham Young University, nos Estados Unidos, a situação pode ser tão prejudicial quanto o consumo diário de 15 cigarros. No entanto, fortalecer as conexões com outras pessoas pode minimizar esses impactos, e é aqui que a amizade desempenha um papel crucial.
DESAFIOS DE MANTER AMIZADES NA VIDA ADULTA
“Na vida adulta, as responsabilidades e compromissos, como trabalho, família e relações amorosas, aumentam e passam a ser prioridades. Isso deixa menos tempo e energia para investir em boas e novas amizades”, afirma Ana Paula Ribeiro Hirakawa. Fatores como falta de tempo, preferência por comunicações via redes sociais e superficialidade nas conversas podem agravar esse cenário. Traumas passados e experiências negativas também podem influenciar negativamente na capacidade de estabelecer confiança e criar conexões.
ESTRATÉGIAS PARA FORTALECER AMIZADES
Mas, apesar dos obstáculos, a psicóloga garante que é possível manter amizades antigas e construir novos laços. “Para isso, é importante estar disposto a criar e buscar oportunidades para interações significativas, onde se possa compartilhar experiências e emoções profundas, de preferência presencialmente.”
COMO BUSCAR NOVAS RELAÇÕES?
Participar de atividades que despertem o interesse pessoal e permitam encontrar pessoas com afinidades similares pode ser um excelente ponto de partida. Algumas ações que podem facilitar esse processo incluem integrar-se a grupos ou clubes, oferecer-se como voluntário para causas que façam sentido, comparecer a eventos sociais e de trabalho, além de manter-se aberto e acessível. Ter uma escuta ativa e empática durante as conversas é fundamental.
A AMIZADE COMO VIA DE MÃO DUPLA
É essencial ter em mente que a amizade, acima de tudo, é uma via de mão dupla, exigindo dedicação de ambas as partes. Não se trata apenas de encontrar pessoas com interesses semelhantes, mas também de estar disposto a investir tempo e energia na construção desses relacionamentos. Uma pesquisa publicada pelo Journal of Personal and Social Relationships concluiu que indivíduos que acreditam que a amizade depende do acaso tendem a se sentir mais solitários. Em contrapartida, aqueles que entendem que ter amigos requer esforço sentem-se menos solitários e, consequentemente, possuem um maior número.
O TEMPO NECESSÁRIO PARA CONSTRUIR AMIZADES
“Normalmente, levamos cerca de 30 horas de interação para criar uma amizade casual. Para relações mais profundas, precisamos de mais, são necessárias 140 horas para se conquistar um bom amigo e 300 para criar um vínculo realmente significativo. Não tem jeito, esse processo requer tempo e interesse de ambas as partes”, complementa Ana Paula.
IMPACTO DAS AMIZADES NO BEM-ESTAR
A presença de amigos possui um impacto significativo e incontestável no dia a dia. Eles desempenham um papel crucial no bem-estar, além de promover a saúde física e mental. A troca de experiências, risos e até mesmo momentos de tristeza com eles torna a vida mais leve. “A amizade tem o poder de proporcionar suporte emocional, intensificar a sensação de pertencimento e reduzir o estresse. Elas oferecem um ambiente seguro para a expressão de sentimentos, validação e apoio, e auxiliam na regulação emocional e no fortalecimento da autoestima”, conclui a especialista.
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