Remuneração do cuidado familiar: por que é crucial para a sociedade?
Conteúdos
A IMPORTÂNCIA DO CUIDADO FAMILIAR
Você já parou para pensar na importância da remuneração do cuidado familiar? Quando falamos de cuidar de crianças, idosos ou doentes, estamos nos referindo a um trabalho essencial que muitas vezes passa despercebido. Essa atividade, que demanda tempo, esforço e dedicação, é frequentemente desempenhada por mulheres sem qualquer remuneração ou reconhecimento. Mas por que essa realidade precisa mudar?
A LUTA PELO RECONHECIMENTO
No recente encontro do W20 (Women 20 – Mulheres 20), um dos 13 grupos de engajamento do G20, esse tema ganhou destaque. A líder Ana Fontes, fundadora e presidente da Rede de Mulheres Empreendedoras, enfatizou a necessidade de valorizarmos e remunerarmos o trabalho de cuidado familiar. Segundo ela, “se a gente não paga, ninguém valoriza”. Essa afirmação nos faz refletir: como podemos esperar que algo seja valorizado se não damos a devida importância financeira a ele?
EXEMPLOS INTERNACIONAIS
Ana Fontes citou o modelo argentino como um exemplo positivo. Na Argentina, os anos que as mulheres dedicam à criação de filhos pequenos contam para a aposentadoria. Mas Fontes faz uma ressalva crucial: essa medida precisa ser estendida a ambos os gêneros. Afinal, por que a responsabilidade do cuidado deveria recair exclusivamente sobre as mulheres?
A ECONOMIA DO CUIDADO
A “economia do cuidado” é um conceito que precisa ser revisitado. Este termo se refere ao valor econômico das atividades de cuidado não remuneradas. Em muitas sociedades, essas atividades são vistas como naturais e, portanto, não merecem pagamento. No entanto, esse pensamento é um equívoco. “Socialmente, as pessoas não olham para a economia do cuidado. Ela vai adicionar dinheiro na economia”, acrescenta Ana Fontes. E ela tem razão. Quando remuneramos o cuidado, estamos não apenas reconhecendo seu valor, mas também injetando dinheiro na economia.
DESAFIOS FINANCEIROS
Mas de onde viria o dinheiro para essa remuneração? A líder do W20 argumenta que “o mundo não tem falta de dinheiro. O mundo tem falta de ações direcionadas”. Em outras palavras, é uma questão de organização e prioridade. Precisamos reavaliar como distribuímos nossos recursos financeiros e direcioná-los para onde realmente importam.
A PERSPECTIVA DE GÊNERO E JUSTIÇA CLIMÁTICA
Além da remuneração do cuidado, o W20 também destacou a necessidade de olhar para a justiça climática com uma lente de gênero. Em situações de emergência climática, são as mulheres que mais sofrem. “Quando falta água, quem vai buscar são as mulheres, com a lata na cabeça. Quando tem problema de saneamento e as crianças ficam com dor de barriga, quem sofre com isso são as mulheres”, exemplifica Fontes. Essas questões são interligadas e precisam ser abordadas de forma integrada.
OUTRAS PRIORIDADES DO W20
As reivindicações do W20 não param por aí. Melhorar a situação das mulheres empreendedoras por meio do acesso ao capital, enfrentar a violência contra as mulheres e aumentar a participação de mulheres e meninas nas áreas de STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática) também são prioridades. Além disso, as representantes brasileiras no W20 estão buscando consenso para que todas as reivindicações considerem a perspectiva de raça e etnia. “A questão das raças acaba sobrepondo todas as outras questões, e as vulnerabilidades vão se somando”, explicou Fontes.
UM DIÁLOGO PROMISSOR
O encontro do W20 com representantes de ministérios das finanças e de bancos centrais dos países-membros do G20 foi promissor. Ana Fontes destacou a receptividade dos representantes e a iniciativa da presidência brasileira do G20 em possibilitar o diálogo prévio entre sociedade civil e autoridades. “Fiquei impressionada com a aderência ao tema. Obviamente, a gente espera que essa aderência não seja só achar bacana, mas que aconteça na vida real também”, disse ela.
O PAPEL DO B20
Outro grupo que participou da reunião foi o B20 (Business 20), representando o setor empresarial. Constanza Negri, líder do B20, destacou a importância do financiamento para a transição energética. “Que se busque mais formas de facilitar a participação e atração do capital privado”, defende. A intenção do setor privado é investir em transição energética cinco vezes mais do que o poder público, mas isso requer medidas que facilitem a operação de bancos multilaterais e agências de fomento ao investimento.
QUAL A IMPORTANCIA DA REMUNERAÇÃO DO CUIDADO FAMILIAR
A valorização e remuneração do cuidado familiar não é apenas uma questão de justiça social, mas também uma necessidade econômica. Ao reconhecer e pagar pelo trabalho de cuidado, estamos promovendo a equidade de gênero e fortalecendo a economia. Além disso, ao integrar a perspectiva de gênero nas questões climáticas e econômicas, estamos construindo um futuro mais justo e sustentável para todos. Que as palavras de Ana Fontes e Constanza Negri inspirem ações concretas e transformadoras.
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