Pacientes conquistam na justiça o direito do cultivo de cannabis medicinal em Santa Catarina

Pacientes conquistam na justiça o direito do cultivo de cannabis medicinal em Santa Catarina
Foto Adobe Stock

O cultivo de cannabis medicinal em Santa Catarina ganhou recentemente uma importante vitória judicial. Dois pacientes, um de Florianópolis e outro de Imbituba, conquistaram na justiça, via habeas corpus, o direito ao cultivo doméstico de cannabis para tratar suas enfermidades. Mas você já se perguntou o que leva alguém a lutar por esse direito? Ou como essa decisão impacta a vida dessas pessoas e o cenário jurídico no Brasil?

Essas decisões são um alívio para muitos que, após tentarem diversos tratamentos sem sucesso, encontraram na cannabis a única solução eficaz para suas condições de saúde. A realidade é que, para muitos pacientes, a cannabis medicinal não é uma escolha, mas uma necessidade.

O CASO DE FLORIANÓPOLIS: ALÍVIO PARA DORES CRÔNICAS E ESTRESSE

Imagine viver com dores constantes e debilitantes. C.M.M, um morador de 57 anos da Lagoa da Conceição, em Florianópolis, conhece bem essa realidade. Ele sofre de processos degenerativos graves nos ombros e nas articulações dos joelhos, além de glaucoma, ansiedade e estresse, agravados pela pandemia. Após tentar várias abordagens sem sucesso, ele encontrou na cannabis medicinal a única forma de amenizar suas dores e melhorar sua qualidade de vida.

Com a ajuda da advogada Raquel Schramm, especializada no tema, C.M.M. obteve um salvo-conduto para o cultivo de cannabis medicinal. Segundo a advogada, “é indispensável que a pessoa que cultiva a planta cannabis sativa L. com fins terapêuticos, consulte um advogado que tenha intimidade com o tema e que possa instruí-la de maneira assertiva a regularizar sua situação, evitando contratempos”. Este é um conselho essencial para quem busca a regularização do cultivo para uso medicinal, protegendo-se de possíveis complicações legais.

O CASO DE IMBITUBA: UMA LUTA EM FAMÍLIA CONTRA A DOENÇA DE PARKINSON

A história de G.C.P, um senhor de 79 anos de Imbituba, no bairro Ibiraquera, é um exemplo de como a cannabis medicinal pode transformar vidas. Diagnosticado com a Doença de Parkinson, G.C.P. enfrentava um declínio constante em sua saúde. Após inúmeras tentativas de tratamento, ele encontrou na cannabis um aliado poderoso contra os sintomas debilitantes da doença.

Junto com seu filho, que é responsável pelo cultivo e extração do óleo medicinal, G.C.P. conseguiu, através da justiça, a autorização para importar sementes, cultivar a planta e produzir os derivados necessários para seu tratamento. A decisão não só proporcionou alívio para os sintomas de G.C.P., como também deu à família a tranquilidade de poder continuar o tratamento sem o medo de represálias legais.

UM CENÁRIO EM EXPANSÃO: PACIENTES CATARINENSES E O USO DA CANNABIS MEDICINAL

Esses casos são apenas dois exemplos entre milhares. De acordo com o Anuário da Cannabis no Brasil, estima-se que 187 mil pacientes no país utilizam cannabis medicinal, sendo 6,8 mil em Santa Catarina. Esses números refletem o crescente reconhecimento dos benefícios da cannabis para tratar uma variedade de condições de saúde, desde dores crônicas até doenças neurológicas graves.

Mas por que tantos pacientes estão buscando o cultivo próprio? Em parte, é uma questão de acesso. A importação de medicamentos à base de cannabis pode ser extremamente cara e burocrática, além de demorar meses. Para muitos, cultivar a própria planta é uma alternativa mais acessível e eficaz.

O CAMINHO JURÍDICO PARA O CULTIVO DE CANNABIS MEDICINAL EM SANTA CATARINA

A crescente demanda por tratamentos à base de cannabis tem levado muitos pacientes a buscar o direito ao cultivo doméstico. No entanto, esse é um caminho que requer orientação jurídica especializada. Como a advogada Raquel Schramm explica, cada caso é único e exige uma abordagem personalizada para garantir que os pacientes possam exercer seu direito sem infringir a lei.

Nos tribunais, os juízes têm reconhecido o valor terapêutico da cannabis para pacientes que não encontraram alívio em tratamentos convencionais. A concessão de habeas corpus, como nos casos de C.M.M. e G.C.P., se baseia no entendimento de que o direito à saúde deve prevalecer. Assim, a justiça tem autorizado o cultivo e o uso de cannabis para fins medicinais em casos específicos, desde que os pacientes sigam protocolos legais rigorosos.

OS DESAFIOS E AS PERSPECTIVAS DO USO DE CANNABIS MEDICINAL NO BRASIL

Embora as vitórias jurídicas sejam significativas, o caminho para a aceitação plena da cannabis medicinal no Brasil ainda é longo. A regulamentação é limitada e enfrenta resistência em vários setores. Muitos ainda veem a cannabis com preconceito, ignorando seu potencial terapêutico.

Entretanto, o cenário está mudando. À medida que mais pacientes conquistam o direito ao cultivo, e mais estudos comprovam a eficácia da cannabis medicinal, cresce a pressão para uma regulamentação mais abrangente e acessível. Para os pacientes catarinenses, essas conquistas representam não apenas o direito à saúde, mas também a esperança de uma vida melhor.

A IMPORTÂNCIA DA INFORMAÇÃO E DO APOIO LEGAL

Para aqueles que estão considerando o uso de cannabis medicinal, é crucial estar bem informado e contar com o apoio de profissionais especializados. Como vimos nos casos de Florianópolis e Imbituba, a orientação jurídica foi fundamental para garantir que os pacientes pudessem cultivar a planta de maneira legal e segura.

Além disso, a busca por informações confiáveis e a consulta com profissionais de saúde são passos essenciais. A cannabis medicinal pode oferecer alívio significativo, mas deve ser usada de forma consciente e responsável. Consultar médicos especializados e seguir as orientações legais são práticas indispensáveis para qualquer paciente que busca esse tratamento.

UM NOVO CAPÍTULO PARA A CANNABIS MEDICINAL EM SANTA CATARINA

O direito ao cultivo de cannabis medicinal em Santa Catarina marca um novo capítulo na luta pela saúde e bem-estar dos pacientes. As decisões judiciais que garantem esse direito são um avanço, mas também destacam a necessidade de uma regulamentação mais clara e inclusiva.

Para os pacientes que dependem dessa planta para melhorar sua qualidade de vida, o cultivo doméstico não é apenas uma questão de saúde, mas de dignidade. E para a sociedade como um todo, é um lembrete de que o caminho para a aceitação plena da cannabis medicinal depende de empatia, informação e justiça.


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