Verão: médica alerta sobre riscos da aplicação de PMMA
Com a chegada do verão e das festas de final de ano, a busca por procedimentos estéticos para melhorar a aparência aumenta ainda mais. No entanto, é importante que as pessoas fiquem atentas à aplicação de componentes que não são absorvíveis pelos organismo e podem ocasionar em graves problemas, como é o caso do polimetilmetacrilato (PMMA).
O PMMA (polimetilmetacrilato) é formado por microesferas de uma substância plástica, semelhante a um gel, mas que ficam para sempre no lugar onde foram inseridas, o que é extremamente perigoso.
A médica otorrinolaringologista, Marina Serrato, explica que muitas pessoas desejam melhorar a aparência do seu nariz, por exemplo, de forma rápida e não querem ou não podem fazer a rinoplastia no momento, recorrendo a outros procedimentos como a rinomodelação, que consiste no preenchimento do nariz com alguma substância.
“Boa parte das rinomodelações utilizam o ácido hialurônico, procedimento que costuma durar entre 8 e 12 meses – tempo que nosso organismo leva para absorver a substância, de forma que acaba o efeito do mesmo. Mas algumas pessoas buscam resultados permanentes e podem acabar sendo submetidas a aplicação de outros preenchedores, entre eles o PMMA, o que pode trazer graves problemas”, alerta.
Isso porque o PMMA quando aplicado pode ser rejeitado pelo corpo, gerando diversas complicações como necrose da pele, reações alérgicas, infecções, inflamações crônicas e deformidades na região aplicada.
Especializada em rinoplastia, a Dra Marina Serrato conta que recebe com frequência, em seu consultório, pacientes que realizaram preenchimento com PMMA. Recentemente, uma das pacientes que aplicou o produto também realizou uma rinoplastia que a deixou insatisfeita e gostaria de melhorar os resultados.
“A primeira coisa que solicitei foi um ultrassom da região do nariz para avaliar e localizar onde está o PMMA, qual a quantidade existente, em que posição o produto estava e qual a sua integração com a pele”, relata. Segundo ela, a paciente tinha produto grudado nos tecidos e infiltrado até mesmo no músculo da boca.
Importante ressaltar que as cirurgias neste caso apresentam uma complexidade muito maior e podem não ser indicadas e recomendadas.
“Este tipo de material fica aderido às estruturas e, por isso, as ressecções devem ser amplas e, dependendo de onde o material estiver e como estiver, aumenta muito as chances de ocasionar uma lesão de pele, atrofia, alteração de vascularização e de coloração do local”, menciona a médica.
Ela reforça que o nariz não tolera qualquer produto não absorvível e a melhor maneira de realizar ajustes nasais é utilizando sempre enxertos da própria pessoa.
Complicações por PMMA
Relatos de complicações relacionadas ao uso do PMMA em procedimentos estéticos se tornaram mais frequentes no Brasil. Em 2020, uma influencer (influenciadora digital) perdeu parte da boca e do queixo após fazer preenchimento labial com PMMA. Em julho deste ano outra influencer morreu após se submeter a um procedimento estético para aumentar os glúteos.
No Brasil, o PMMA para preenchimento subcutâneo precisa ser registrado na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por se tratar de um produto de uso em saúde da classe IV ou risco máximo. “Somente após a análise técnica, esses produtos são liberados para venda e uso, visando à proteção do paciente e do consumidor”, informa a agência reguladora.
Segundo a Anvisa o componente está autorizado para correção de lipodistrofia, um tipo de alteração no organismo que leva à concentração de gordura em algumas partes do corpo, geralmente provocada pelo uso de medicamentos antirretrovirais em pacientes com HIV/aids, e correção volumétrica facial e corporal, uma forma de tratar alterações como irregularidades e depressões no corpo fazendo o preenchimento em áreas afetadas por meio de bioplastia, havendo indicações claras dos locais do corpo onde as aplicações podem ser feitas, como derme profunda, tecido muscular subcutâneo ou em nível intramuscular.