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Trump promete “era de ouro”, mas especialistas alertam para possível perda de influência internacional dos EUA

Na última segunda-feira (20), Donald Trump fez história ao assumir, pela segunda vez, a presidência dos Estados Unidos em um discurso de posse carregado de promessas audaciosas e declarações grandiosas. O cenário era emblemático: o Capitólio, palco de decisões que marcaram a trajetória da maior potência mundial. Com a frase “uma era de ouro acaba de começar”, Trump deixou clara a tônica de sua gestão: a busca incessante pelo resgate da soberania e do protagonismo global dos EUA.

Seu discurso, que durou cerca de 30 minutos, mesclou nostalgia com visões futuristas. Temas como imigração, segurança nacional e energia foram destacados como pilares de uma administração que pretende recolocar os Estados Unidos no topo da hierarquia global. Mas será que essa visão otimista corresponde à realidade? Para além das palavras, especialistas avaliam os desafios e os riscos de uma política que promete mudanças profundas, mas que pode custar caro à liderança americana no cenário internacional.

“DEFENDEREMOS NOSSO PAÍS COMO NUNCA ANTES”

Imagine um país onde as fronteiras são intransponíveis, o emprego é garantido e a segurança nacional está acima de tudo. Essa é a visão que Donald Trump compartilhou em seu discurso de posse, reforçando a importância de políticas rigorosas para proteger os interesses americanos. Uma das principais promessas do presidente foi o endurecimento das políticas de imigração, incluindo o retorno do controverso programa “fique no México”, que obriga solicitantes de asilo a aguardarem fora dos EUA enquanto seus casos são analisados.

“Vamos fechar as brechas na lei, impedir invasões e fortalecer nossas comunidades”, declarou Trump, em um tom que remete à ideia de reconstrução e proteção. Além disso, ele anunciou medidas ainda mais severas contra os cartéis de drogas, classificando-os como organizações terroristas internacionais. Segundo o presidente, essas ações são fundamentais para garantir que os Estados Unidos continuem sendo um país seguro e próspero.

Sua retórica, marcada por frases de impacto como “nos Estados Unidos, o impossível é o que fazemos de melhor”, reflete uma visão confiante e ambiciosa. No entanto, será que esse otimismo será suficiente para sustentar as promessas de transformar o país?

ANÁLISE: UM LÍDER QUE PRECISA SER VISTO COMO VENCEDOR

Donald Trump é conhecido por seu estilo combativo e por sua necessidade de projetar uma imagem de líder vencedor. Para o cientista político Rafael Cortez, sócio da Consultoria Tendências, o discurso de posse reforça essa característica. “O imaginário de liderança que o Trump personifica é um imaginário de vencedor. Ele precisa ser visto como alguém que vence disputas, seja no campo econômico, político ou militar”, avalia Cortez.

Essa necessidade de ser percebido como um líder forte e invencível está diretamente ligada à sua retórica grandiosa, que muitas vezes é acompanhada de exageros sobre seus feitos e impacto histórico. Contudo, especialistas alertam para os limites dessa estratégia. Apesar de sua postura otimista, há indícios de que os Estados Unidos enfrentam dificuldades crescentes para manter sua influência global.

Antonio Jorge Rocha, professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), explica que o cenário internacional se tornou mais complexo e multipolar, dificultando a atuação isolada dos Estados Unidos. “Eles não conseguem mais, sozinhos, resolver o problema do Oriente Médio. Essa estratégia de derrubar regimes diretamente já se mostrou fracassada. O mundo mudou, mas Trump parece não reconhecer isso”, analisa Rocha.

A POLÍTICA PROTECIONISTA DE TRUMP: UM PASSO PARA TRÁS?

Um dos pontos centrais do discurso de Trump foi a promessa de adotar políticas econômicas protecionistas, priorizando tarifas sobre produtos importados e incentivando a produção nacional. Embora essa abordagem possa parecer atraente para parte da população americana, especialistas apontam que ela está desalinhada com a realidade da economia global.

“Estamos na era da economia da informação, onde serviços e tecnologia são os principais motores de crescimento. A visão de Trump, baseada em políticas do século 19, não se encaixa nesse novo contexto”, argumenta Rocha. Ele destaca que, em um mundo cada vez mais conectado e dependente de inovações tecnológicas, o protecionismo pode isolar os Estados Unidos em vez de fortalecê-los.

Além disso, o foco de Trump na indústria petroleira gera preocupações em relação ao meio ambiente. Suas promessas de expandir a exploração de petróleo e gás em larga escala, ignorando pautas ambientais, representam um retrocesso significativo para a sustentabilidade. “O que Trump quer fazer é reduzir o peso da energia na inflação para compensar possíveis efeitos inflacionários do protecionismo comercial”, explica Rafael Cortez.

Outro ponto polêmico é a intenção de desestimular a adoção de carros elétricos, uma tecnologia dominada pela China e mais alinhada às demandas ambientais do século 21. Essa medida, segundo analistas, pode dificultar ainda mais a transição dos Estados Unidos para uma economia sustentável e moderna.

IMPACTOS PARA O BRASIL E OUTROS PAÍSES EMERGENTES

As decisões de Trump não afetam apenas os Estados Unidos, mas também têm implicações significativas para países emergentes, como o Brasil. Um dos principais pontos de preocupação é o aumento das taxas de juros nos Estados Unidos, uma medida que visa conter a inflação, mas que pode pressionar economias em desenvolvimento.

“O aumento dos juros americanos pode elevar o custo do crédito para países emergentes, desestabilizando o câmbio e dificultando o crescimento econômico”, alerta Cortez. Esse cenário é especialmente preocupante para o Brasil, que depende de condições econômicas externas favoráveis para sustentar sua recuperação econômica.

Por outro lado, há quem veja oportunidades em meio às mudanças. A demanda por combustíveis fósseis, incentivada pela política energética de Trump, pode beneficiar países da América Latina, como a Venezuela. “A Chevron já atua na Guiana e na Venezuela. O interesse econômico pode prevalecer, reduzindo tensões e abrindo espaço para cooperação”, observa Rocha.

O QUE O FUTURO RESERVA PARA A ERA TRUMP?

A presidência de Donald Trump promete ser marcada por decisões ousadas e polarizadoras. Enquanto ele busca resgatar a grandeza dos Estados Unidos, especialistas alertam que sua visão pode levar o país a um isolamento crescente e a uma perda de influência no cenário global.

Será que a “era de ouro” prometida por Trump será realmente dourada, ou se tornará um período de desafios e retrocessos? Essa é a grande questão que paira sobre a política americana e global.

Por enquanto, o discurso de Trump serve como um reflexo de suas ambições e de seu estilo de liderança. Mas, como bem aponta Cortez, o futuro dirá se essas promessas serão cumpridas ou se o custo das decisões do presidente será alto demais para o mundo suportar.


Com informações de Agência Brasil



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