Ikigai: conceito japonês orienta o propósito profissional
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O conceito de ikigai tem ganhado atenção no Ocidente nos últimos anos, especialmente entre aquelas pessoas que buscam um maior sentido na vida pessoal e profissional. Originário do Japão, o termo refere-se a uma ideia que une quatro aspectos fundamentais da existência humana: aquilo que se ama, aquilo em que se é bom, aquilo que o mundo precisa e aquilo pelo qual é possível ser remunerado. Encontrar o ikigai é considerado, pelos japoneses, o caminho para uma vida mais plena e significativa.
O conceito é frequentemente descrito como um eixo central onde esses quatro elementos se intersectam. A busca pelo ikigai não é algo simples, e muitas vezes requer um processo de autoconhecimento profundo e reflexão sobre os próprios desejos e capacidades. No entanto, especialistas em gestão de pessoas e desenvolvimento profissional apontam que o ikigai pode ser uma ferramenta útil para quem busca mais clareza sobre seus objetivos e propósitos.
Milve Inouye, Gerente de People & Culture no ManpowerGroup Brasil, explica que o ikigai pode ser entendido como uma jornada contínua de adaptação, conforme as pessoas evoluem ao longo da vida. “Aos poucos, podemos identificar os aspectos que nos motivam e que estão alinhados com nossa trajetória pessoal e profissional. É um conceito que nos ajuda a entender que o propósito pode ser algo dinâmico, que se transforma conforme nossas experiências e os contextos nos quais estamos inseridos”.
A descoberta do ikigai pode ter implicações significativas tanto no âmbito pessoal quanto no profissional. Para quem busca um equilíbrio entre essas esferas, o conceito oferece uma forma de integrar desejos pessoais e exigências do mercado de trabalho. No contexto profissional, entender o ikigai pode ajudar os indivíduos a tomar decisões mais alinhadas com suas motivações intrínsecas, resultando em uma maior satisfação e produtividade.
Principais pontos do ikigai
O primeiro ponto do ikigai se refere ao que se ama fazer. Muitas vezes, esse é o aspecto mais fácil de identificar, pois está relacionado aos interesses, paixões e atividades que geram prazer. No entanto, para que esses interesses sejam transformados em algo mais considerável, é necessário analisar os outros aspectos do conceito. “A paixão por algo deve ser combinada com habilidades e com um contexto de relevância para a sociedade ou mercado, caso contrário, pode não gerar um impacto positivo ou duradouro”, comenta Milve Inouye.
O segundo aspecto envolve identificar aquilo em que se é bom. Essa competência pode ser desenvolvida ao longo do tempo, por meio de experiência e educação, mas, muitas vezes, é necessária uma análise crítica das próprias habilidades. É importante avaliar não apenas o que é considerado habilidade, mas também o que realmente contribui para o sucesso em um contexto maior.
O terceiro ponto do ikigai fala sobre o que o mundo precisa, ou seja, a identificação das necessidades da sociedade ou do mercado. Para Inouye, essa parte do processo é especialmente relevante em um cenário de constante mudança, onde as demandas podem evoluir rapidamente. “Entender o que o mundo ou a comunidade precisa é essencial para direcionar nossa carreira e nossas ações de maneira que tenhamos um impacto positivo”, explica a especialista.
Por fim, o último aspecto do ikigai trata daquilo pelo qual é possível ser remunerado. Para que um propósito se transforme em uma carreira ou projeto sustentável, é necessário considerar a viabilidade econômica. A remuneração não deve ser o único fator motivador, mas sua importância não pode ser ignorada, especialmente no contexto profissional.
Para Milve, as empresas que integram esse tipo de reflexão em suas culturas podem obter não apenas melhores resultados de negócio, mas também contribuir para o bem-estar de seus colaboradores. “Criar um ambiente onde as pessoas possam entender seu ikigai no trabalho faz com que elas se sintam mais conectadas aos seus objetivos e ao papel que desempenham na organização”, finaliza a especialista.