Para além de ‘Ainda Estou Aqui’: conheça outros filmes que resgatam histórias de luta contra a repressão

O cinema tem o poder de transcender o tempo, resgatando histórias que precisam ser lembradas e refletidas. O reconhecimento de filmes que abordam questões fundamentais sobre democracia, direitos humanos e justiça é uma maneira de manter viva a memória de períodos sombrios da história. Em 2024, o Brasil se destaca no cenário internacional com o aclamado filme Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, concorrendo a importantes estatuetas no Oscar.
A narrativa do longa, que retrata o impacto da ditadura militar sobre uma família brasileira e coloca a luta de Eunice Paiva em evidência, destaca um dos maiores desafios de nossa história: a busca pela verdade sobre os desaparecidos políticos. Além de disputar o prêmio de Melhor Filme Internacional, o filme também conta com a atuação de Fernanda Torres, indicada a Melhor Atriz, em um papel que promete emocionar a todos.
Conteúdos
- A LUTA PELA MEMÓRIA: FILMES QUE RESGATAM HISTÓRIAS SILENCIADAS
- CARLOS MARIGHELLA: UM SÍMBOLO DE RESISTÊNCIA
- O PAPEL DAS MULHERES NA RESISTÊNCIA
- A ARTE COMO FORMA DE RESISTÊNCIA
- A REPRESSÃO NO CAMPO: UM LUGAR DE LUTA E DE SAUDADE
- OS FILMES QUE NOS AJUDAM A ENCARAR O PASSADO
- O IMPACTO DAS DITADURAS NA AMÉRICA LATINA
- CINEMA: UMA FERRAMENTA DE RECONSTRUÇÃO E REFLEXÃO
- FILMES BRASILEIROS SOBRE A DITADURA MILITAR
- FILMES INTERNACIONAIS SOBRE REPRESSÃO NA AMÉRICA LATINA
A LUTA PELA MEMÓRIA: FILMES QUE RESGATAM HISTÓRIAS SILENCIADAS
A premiação do Oscar 2024 não é apenas um marco para o cinema brasileiro, mas também para a discussão de temas essenciais como a memória e a justiça. É nesse cenário que surge a atuação da Assessoria Especial em Defesa da Democracia, Memória e Verdade (ADMV) do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. A ADMV se empenha em resgatar a memória histórica do Brasil e, para isso, selecionou um conjunto de filmes que abordam a repressão política e seus efeitos devastadores na sociedade.
Esses filmes não apenas reconstroem um passado doloroso, mas também dão voz àqueles que foram silenciados pela história. São produções que buscam refletir sobre a resistência à ditadura, os efeitos da repressão e a busca incessante por justiça.
CARLOS MARIGHELLA: UM SÍMBOLO DE RESISTÊNCIA
O nome de Carlos Marighella está imortalizado na luta contra a ditadura militar, e sua história ganha vida no cinema em duas produções essenciais: Marighella (2012), de Isa Grinspum Ferraz, e Marighella (2019), de Wagner Moura. Elson Luiz da Silva, coordenador de Apoio a Políticas de Memória e Verdade, destaca a importância de compreender não apenas a militância política de Marighella, mas também a sua dimensão humana. “A música Mil Faces de um Homem Leal, dos Racionais MC’s, é um dos pontos altos da obra e carrega um peso simbólico que reforça a atualidade do tema”, explica.
O PAPEL DAS MULHERES NA RESISTÊNCIA
Embora a resistência à ditadura seja frequentemente associada a figuras masculinas, filmes como Que Bom te Ver Viva (1989), de Lúcia Murat, e Torre das Donzelas (2018), de Susanna Lira, recuperam o papel fundamental das mulheres nesse contexto de luta e opressão. Paula Franco, coordenadora-geral de Políticas de Memória e Verdade, ressalta que “as histórias de mulheres perseguidas pelo regime militar foram historicamente silenciadas”, mas essas produções ajudam a mostrar que a repressão teve um recorte de gênero muito forte.
A ARTE COMO FORMA DE RESISTÊNCIA
O impacto da repressão não foi apenas político, mas também moral, sexual e artístico. O filme Tatuagem (2013), de Hilton Lacerda, retrata um grupo teatral marginalizado durante a ditadura, lembrando que a resistência se manifestou de muitas formas, inclusive pela arte. Já o documentário Dzi Croquettes (2009), de Raphael Alvarez e Tatiana Issa, mostra como o grupo homônimo utilizou a arte e o humor como uma forma poderosa de resistência. Kátia Azambuja, analista da ADMV, enfatiza que a resistência à ditadura não se deu apenas por meio de grupos armados, mas também por expressões culturais e artísticas.
A REPRESSÃO NO CAMPO: UM LUGAR DE LUTA E DE SAUDADE
O campo brasileiro também foi palco de resistência e repressão. O documentário Cabra Marcado para Morrer (1984), de Eduardo Coutinho, registra a luta dos trabalhadores rurais e o impacto da repressão militar sobre essas comunidades. Nilmário Miranda, chefe da ADMV, chama atenção para a importância desse filme como “um registro valioso da luta dos trabalhadores rurais e da repressão no campo”. Recentemente, o documentário foi destaque no Festival Cultural da Memória Camponesa, evento que também celebrou o centenário de Elizabeth Teixeira, protagonista do filme.
OS FILMES QUE NOS AJUDAM A ENCARAR O PASSADO
Além dos filmes brasileiros, há também produções internacionais que ajudam a compreender as dinâmicas da repressão na América Latina. Filmes como Argentina, 1985 (2022), de Santiago Mitre, Infância Clandestina (2011), de Benjamín Ávila, e Crônica de uma Fuga (2006), de Adrián Caetano, retratam a luta de diferentes povos latino-americanos contra regimes autoritários.
Outro documentário relevante, La Memoria de los Cuerpos (2021), aborda as violências sexuais cometidas contra mulheres durante a ditadura argentina, trazendo à tona um capítulo doloroso e muitas vezes silenciado da história. Produções como essas são essenciais para ampliar a compreensão do impacto da repressão na sociedade latino-americana e para reforçar o debate sobre democracia e direitos humanos.
O IMPACTO DAS DITADURAS NA AMÉRICA LATINA
A repressão na América Latina não se limitou ao Brasil. Países como Argentina e Chile também viveram momentos de grande tensão e luta durante seus regimes ditatoriais. Filmes como Machuca (2004), de Andrés Wood, e Infância Clandestina (2011), de Benjamín Ávila, ajudam a contar essas histórias e mostrar como os conflitos políticos e sociais se entrelaçam com as vivências pessoais.
CINEMA: UMA FERRAMENTA DE RECONSTRUÇÃO E REFLEXÃO
O cinema tem uma função primordial na reconstrução histórica e na reflexão sobre os tempos de ditadura. As produções sobre a repressão política não apenas fazem justiça às vítimas, mas também provocam o público a confrontar o seu próprio presente. A coordenadora-geral de Políticas de Memória e Verdade, Paula Franco, reforça que “o cinema tem o poder de dar voz a quem foi silenciado, de fazer com que a sociedade encare seu passado e reflita sobre o presente”.
O poder do cinema é indiscutível. Ao reviver essas histórias, podemos garantir que as lições do passado não sejam esquecidas e que a luta pela verdade, memória e justiça continue a ser uma prioridade para todos.
FILMES BRASILEIROS SOBRE A DITADURA MILITAR
- Marighella (2012), de Isa Grinspum Ferraz
- Marighella (2019), de Wagner Moura
- Que Bom te Ver Viva (1989), de Lúcia Murat
- Torre das Donzelas (2018), de Susanna Lira
- Tatuagem (2013), de Hilton Lacerda
- Cabra Marcado para Morrer (1984), de Eduardo Coutinho
- O Pastor e o Guerrilheiro (2023), de Eduardo Belmonte
- Dzi Croquettes (2009), de Raphael Alvarez e Tatiana Issa
- Barra 68 – Sem Perder a Ternura (2001), de Vladimir Carvalho
FILMES INTERNACIONAIS SOBRE REPRESSÃO NA AMÉRICA LATINA
- Argentina, 1985 (2022), de Santiago Mitre
- Infância Clandestina (2011), de Benjamín Ávila
- Crônica de uma Fuga (2006), de Adrián Caetano
- Machuca (2004), de Andrés Wood
- La Memoria de los Cuerpos (2021), de María Marta Garcia Scarano
Essas produções nos ajudam a nunca esquecer as lições do passado e a continuar a luta por um futuro mais justo e democrático. O cinema, mais uma vez, se apresenta como uma poderosa ferramenta de resistência e reflexão.
Fonte: Agência Gov
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