O reconhecimento do papel das mulheres na engenharia além do dia 8 de março

No Dia Internacional da Mulher, é fundamental destacar a crescente presença feminina na engenharia. Embora essa área tenha sido historicamente dominada por homens, vem passando por transformações significativas, impulsionadas pelo talento, pela determinação e pelo impacto positivo das mulheres em diversas frentes da engenharia, agronomia e geociências.
Hoje, as mulheres representam 20% dos profissionais registrados no Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), somando mais de 223 mil engenheiras no Brasil. Em Santa Catarina, conforme dados do Crea-SC, elas correspondem a 17,65% dos profissionais registrados e ocupam cargos de conselheiras, diretoras e inspetoras. Muitas também desempenham papéis de liderança em diversas entidades de classe, contribuindo de forma significativa para o fortalecimento e a representatividade feminina no setor. Esse crescimento reflete as iniciativas de inclusão e os incentivos que buscam estimular a entrada e o avanço das mulheres na profissão.
Mas a presença feminina na engenharia vai além das estatísticas. Cada vez mais, mulheres assumem posições de liderança, influenciam decisões estratégicas e mostram que diversidade e criatividade caminham juntas. Não é de hoje que a atuação feminina faz diferença em diversos setores. Das universidades às grandes empresas, das pesquisas científicas à indústria, as mulheres têm sido protagonistas de avanços essenciais para a sociedade. Na engenharia, sua visão amplia possibilidades, impulsiona o desenvolvimento sustentável e promove soluções mais eficientes. Além disso, seguem com forte representação política e ocupam altas posições na administração pública, reforçando seu papel fundamental na construção de um futuro mais equilibrado.
No entanto, os desafios ainda são reais. Para ocupar cargos de direção, muitas engenheiras precisam superar barreiras culturais e estruturais, além de provar constantemente sua competência técnica e gerencial, muitas vezes de forma mais incisiva do que seus colegas homens. A construção de ambientes de trabalho mais inclusivos exige um esforço contínuo. Empresas e instituições vêm implementando políticas para garantir mais diversidade, estimulando a participação feminina em todos os níveis da engenharia. Isso não só amplia oportunidades, mas também fortalece a competitividade e a produtividade das equipes.
Para as mulheres que desejam crescer na engenharia, investir em qualificação técnica e no desenvolvimento de habilidades como comunicação assertiva e tomada de decisão estratégica pode fazer a diferença. Além disso, a criação de redes de apoio e a troca de experiências entre profissionais são fundamentais para ampliar a representatividade feminina no setor.
A ampliação da presença das mulheres na engenharia não é apenas uma questão de equidade, mas também um diferencial competitivo para o mercado. Equipes diversas trazem perspectivas variadas, resultando em decisões mais eficazes e soluções mais avançadas e sustentáveis. Criar um ambiente profissional onde o talento seja reconhecido independentemente do gênero é um passo essencial para o futuro da engenharia.
O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março desde 1911, não deve mudar. A data simboliza conquistas e reforça a necessidade de avanços contínuos. Celebrar a trajetória das engenheiras é reconhecer sua importância e reafirmar o compromisso com um setor mais inclusivo, dinâmico e preparado para os desafios do futuro. Afinal, a engenharia precisa das mulheres, e as mulheres têm muito a contribuir para a engenharia.
Por Roberta Maas dos Anjos, engenheira civil, ambiental e sanitarista. Presidente do Sindicato dos Engenheiros de Santa Catarina (Senge-SC)