O desafio da igualdade salarial em Santa Catarina: mulheres ganham 28,2% a menos que homens no estado
A desigualdade salarial entre homens e mulheres ainda é uma realidade em todo o Brasil, e Santa Catarina não fica fora desse cenário. Você já parou para pensar como essa disparidade afeta a vida das mulheres e o mercado de trabalho como um todo? Um dado preocupante do 2º Relatório de Transparência Salarial revela que, no estado, as mulheres recebem em média 28,2% a menos que os homens. Mas o que isso significa na prática? Como essa diferença salarial pode ser reduzida? Vamos explorar o tema juntos.
Conteúdos
- O QUE DIZ A LEI SOBRE A IGUALDADE SALARIAL?
- DIFERENÇA ENTRE HOMENS E MULHERES VAI ALÉM DO SALÁRIO
- A QUESTÃO RACIAL: UMA DOBRADINHA DE DESIGUALDADES
- POLÍTICAS DE INCENTIVO: O QUE AS EMPRESAS ESTÃO FAZENDO?
- UM CAMINHO PARA A IGUALDADE: O PAPEL DO PLANO NACIONAL
- SANTA CATARINA NO CONTEXTO NACIONAL
- O QUE PODEMOS FAZER?
O QUE DIZ A LEI SOBRE A IGUALDADE SALARIAL?
A Lei nº 14.611/2023, também conhecida como Lei de Igualdade Salarial, tem como objetivo garantir que mulheres e homens que desempenham as mesmas funções, com igual produtividade e eficiência, recebam o mesmo salário. Parece justo, certo? Mas, na prática, sabemos que essa igualdade ainda está longe de ser alcançada. Em Santa Catarina, por exemplo, os homens têm uma remuneração média de R$ 4.149,13, enquanto as mulheres ganham R$ 2.976,49.
Mas por que essa diferença persiste? Muitos fatores podem explicar essa desigualdade, como a concentração das mulheres em cargos com menor remuneração e a dificuldade de ascensão profissional, especialmente para mulheres negras.
DIFERENÇA ENTRE HOMENS E MULHERES VAI ALÉM DO SALÁRIO
A desigualdade de gênero no ambiente de trabalho não se resume apenas aos salários. O relatório mostra que, em cargos de direção e gerência, a diferença é ainda mais acentuada, chegando a 39,7% em Santa Catarina. Já pensou como essa disparidade impacta as mulheres no dia a dia?
Muitas vezes, a falta de políticas de incentivo à contratação e promoção de mulheres nas empresas acaba perpetuando essa diferença. O relatório aponta que apenas 34,3% das empresas catarinenses adotam políticas para promoção de mulheres a cargos de liderança. Esse número é ainda menor quando falamos de incentivos para a contratação de mulheres negras (19,5%) e mulheres LGBTQIAP+ (16,2%).
A QUESTÃO RACIAL: UMA DOBRADINHA DE DESIGUALDADES
Outro ponto importante abordado pelo relatório é o recorte racial. Além de enfrentarem a desigualdade salarial em relação aos homens, as mulheres negras também são afetadas por uma disparidade em relação às mulheres brancas. Em Santa Catarina, o número de mulheres negras empregadas (91.552) é significativamente inferior ao de mulheres não negras (305.480), e a diferença salarial entre esses dois grupos chega a 26,4%.
Essa realidade se reflete em outros estados do Brasil, e a diferença é ainda mais alarmante quando comparada ao mercado de trabalho masculino. Homens negros, por exemplo, recebem em média 28,1% a menos do que homens não negros no estado. É uma diferença que reforça a necessidade de ações afirmativas para garantir igualdade de oportunidades e remuneração.
POLÍTICAS DE INCENTIVO: O QUE AS EMPRESAS ESTÃO FAZENDO?
É animador ver que algumas empresas já estão se movendo em direção à igualdade de gênero e raça, mas ainda há muito a ser feito. De acordo com o relatório, 52,3% das empresas em Santa Catarina possuem planos de cargos e salários que visam mitigar essa desigualdade. Além disso, 28% das companhias catarinenses têm políticas de incentivo à contratação de mulheres, o que demonstra um avanço, ainda que tímido.
No entanto, há ainda um longo caminho pela frente. O incentivo à contratação de mulheres negras, LGBTQIAP+, ou aquelas que são chefes de família, por exemplo, é fundamental para garantir a inclusão e a equidade no mercado de trabalho. Planos de promoção e apoio à parentalidade são algumas das políticas que precisam ser mais amplamente implementadas.
UM CAMINHO PARA A IGUALDADE: O PAPEL DO PLANO NACIONAL
A boa notícia é que o Plano Nacional de Igualdade Salarial e Laboral entre Mulheres e Homens foi criado para enfrentar essas desigualdades. O plano tem como principais objetivos promover a entrada, permanência e ascensão das mulheres no mercado de trabalho, além de incentivar sua qualificação para atuar em áreas predominantemente ocupadas por homens, como tecnologia da informação e ciências exatas.
Rosane Silva, secretária nacional do Ministério das Mulheres, destaca que o plano pode beneficiar diretamente as mães solo, que são chefes de família. No Brasil, mais de 50% das famílias são lideradas por mulheres, muitas delas negras e de baixa renda. Garantir que essas mulheres tenham igualdade de condições e salários não apenas aumenta a renda das famílias, mas também contribui para o desenvolvimento socioeconômico do país.
SANTA CATARINA NO CONTEXTO NACIONAL
Comparado a outros estados brasileiros, Santa Catarina apresenta uma das maiores disparidades salariais entre homens e mulheres. No Brasil, a diferença média é de 20,7%, enquanto no estado ela chega a 28,2%. Estados como Ceará, Acre e Pernambuco têm números mais positivos, com a diferença girando em torno de 9%. Essa variação entre as Unidades Federativas mostra que, embora a desigualdade seja um problema nacional, sua intensidade pode ser diferente dependendo da região.
É interessante pensar no que faz com que esses estados tenham uma desigualdade menor. Seria a cultura organizacional? A força de políticas públicas mais incisivas? Essas são perguntas que devemos nos fazer para entender como avançar na busca por igualdade salarial em Santa Catarina.
O QUE PODEMOS FAZER?
A luta pela igualdade salarial não é apenas uma questão das empresas ou do governo. Nós, como sociedade, também temos um papel importante a desempenhar. Você já se perguntou o que pode fazer para apoiar essa causa? Exigir transparência das empresas, incentivar políticas de diversidade e inclusão, e estar atento às oportunidades de ascensão para as mulheres são algumas das maneiras pelas quais podemos contribuir.
Além disso, as mulheres podem procurar capacitação em áreas de alta remuneração, como tecnologia, para romper com a tradição de ocupações femininas que, geralmente, têm salários mais baixos. Promover essas discussões dentro das empresas e nos espaços de formação é fundamental para que as futuras gerações encontrem um mercado de trabalho mais justo e igualitário.
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