Sustentabilidade

Krenak diz ser inconcebível e escandalosa a ideia de continuar investindo na atividade petrolífera

Na última terça-feira (11), o renomado líder indígena e pensador Ailton Krenak fez uma afirmação forte e impactante sobre a exploração de petróleo no Brasil. Em um evento promovido pela associação cultural Sempre Um Papo, no Teatro Paulo Autran, do Sesc Pinheiros, em São Paulo, Krenak não poupou palavras ao classificar como “inconcebível” a ideia de continuar investindo na atividade petrolífera.

O tema do encontro foi “Clima, Raça e Poder: A Dimensão Racial da Crise Ambiental”, e as palavras de Krenak ressoaram como um alerta para o futuro da nossa biodiversidade e para as questões que envolvem as populações mais vulneráveis.

“Chega a ser escandaloso que alguém pense em abrir mais um poço de petróleo”, declarou o imortal da Academia Brasileira de Letras, em uma postura firme contra os interesses que ainda se perpetuam em nome da exploração de recursos naturais, muitas vezes em detrimento do meio ambiente e das futuras gerações.

O POLÊMICO PROJETO DE EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO NA FOZ DO AMAZONAS

A questão do petróleo na Foz do Amazonas, localizada na parte mais a oeste da Margem Equatorial, é um tema que está em constante discussão no Brasil. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) está, neste momento, reavaliando a autorização concedida à Petrobras para explorar petróleo na região. Vale ressaltar que, em maio de 2023, o Ibama emitiu um parecer contrário a essa atividade, evidenciando a preocupação com os possíveis impactos ambientais da exploração na área. O processo de exploração consiste na busca por petróleo e gás em condições economicamente viáveis para sua extração e comercialização – um processo que, de acordo com ambientalistas e especialistas, pode causar danos irreversíveis a ecossistemas frágeis.

Será que, com tantos problemas ambientais já vivenciados, ainda podemos nos permitir continuar arriscando nosso patrimônio natural? Não é possível ignorar os riscos que tal exploração pode trazer para a fauna, flora e para as populações locais, que dependem diretamente desses ecossistemas para sua sobrevivência.

A POSIÇÃO DO GOVERNO E A PRESSÃO SOBRE O IBAMA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem se mostrado favorável à concessão da autorização à Petrobras para seguir com a exploração na Bacia da Foz do Amazonas. Em entrevista à Rádio Diário FM, de Macapá (AP), em fevereiro, Lula afirmou que o Ibama parecia “contra o governo” e defendeu que todos os procedimentos necessários para garantir a proteção ambiental seriam cumpridos rigorosamente.

“A gente não pode saber que tem uma riqueza embaixo de nós e não vai explorar, até porque dessa riqueza é que vamos ter dinheiro para construir a famosa e sonhada transição energética”, argumentou o presidente.

Essa declaração de Lula coloca em evidência a constante tensão entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental. Contudo, será que realmente precisamos explorar essas riquezas agora, ou há alternativas mais sustentáveis que não coloquem em risco os biomas mais ricos e sensíveis do nosso planeta?

O DEBATE SOBRE O PROCESSO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL

A Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente (Ascema Nacional) tem se posicionado em defesa dos técnicos do Ibama, destacando a importância de um processo de licenciamento ambiental rigoroso e transparente. Segundo a Ascema Nacional, a análise dos impactos ambientais não pode ser acelerada em nome de interesses políticos ou econômicos.

Em uma nota pública, a associação afirmou que “o processo de licenciamento ambiental é conduzido de maneira rigorosa, transparente e responsável, levando em consideração a proteção da biodiversidade e o bem-estar das populações que dependem diretamente dos ecossistemas afetados, mas também o desenvolvimento econômico do país”. No entanto, a associação alertou que, devido ao sucateamento da gestão socioambiental, o Ibama se encontra em uma situação delicada para lidar com a pressão e o volume de demandas.

O RISCO DE UMA FALTA DE AUTORIZAÇÃO: IMPACTOS NA ECONOMIA E NO FUTURO DO PETRÓLEO NO BRASIL

A Petrobras, por sua vez, sustenta que já atendeu a todas as exigências do processo de licenciamento e entregou os documentos necessários ao Ibama em novembro do ano passado. Entre as ações tomadas pela empresa, está a construção de um segundo Centro de Reabilitação e Despetrolização de Fauna (CRD) em Oiapoque (AP), que deverá ser concluído ainda este mês. O primeiro centro já está em funcionamento em Belém (PA). Essas iniciativas visam mitigar os possíveis danos ambientais decorrentes das atividades de exploração, mas, será que elas são suficientes para garantir que os ecossistemas locais não sejam prejudicados?

Com 16 poços na Margem Equatorial, a Petrobras tem autorização para explorar apenas dois deles, localizados na costa do Rio Grande do Norte. A estatal argumenta que, sem a produção de petróleo nessa nova fronteira exploratória, o Brasil poderá enfrentar sérios desafios econômicos no futuro, incluindo a necessidade de importar petróleo dentro de uma década.

A REGIONAIS E O IMPACTO AMBIENTAL

A Bacia da Foz do Amazonas ocupa uma extensa área territorial marítima, que se estende desde a fronteira do Amapá com a Guiana Francesa até a Baía do Marajó, no Pará. Essa região abrange a exploração do bloco FZA-M-59, parte da Margem Equatorial, que engloba outras bacias sedimentares como a do Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e Potiguar. A diversidade ecológica da região é única e essencial para o equilíbrio ambiental de toda a Amazônia, um dos maiores e mais importantes biomas do planeta.

De fato, o futuro da Foz do Amazonas está em jogo, assim como o futuro do Brasil e do planeta como um todo. É imprescindível que o país tome decisões que considerem não apenas o lucro imediato, mas também as consequências a longo prazo para o meio ambiente e para as comunidades que dependem diretamente da preservação dessas áreas.

É POSSÍVEL UM FUTURO SUSTENTÁVEL?

A exploração de petróleo na Foz do Amazonas representa um dilema crítico entre o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental. A crescente pressão sobre o Ibama, as divergências entre o governo e as organizações ambientais, e os riscos de impactos irreversíveis na biodiversidade estão em pauta. No entanto, é fundamental questionarmos: realmente precisamos abrir novos poços de petróleo para garantir nosso desenvolvimento, ou seria hora de repensarmos nossas escolhas e apostar em fontes mais sustentáveis de energia para o futuro?

O que está em jogo é muito mais do que recursos naturais – é o legado que deixaremos para as futuras gerações e a integridade dos ecossistemas que sustentam a vida na Terra.

 

Fonte: Agência Brasil


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