- Este evento já decorreu.
Peça teatral “A Força da Água” chega a Florianópolis com apresentação gratuita
6 Novembro
A força e o poder simbólico da água, tão essenciais à vida humana, se transformam em narrativa potente no espetáculo A Força da Água, produzido pelo grupo cearense Pavilhão da Magnólia. Em turnê pelo Sul e Sudeste do país, essa peça de teatro documental chega a Florianópolis com uma apresentação especial e gratuita no Teatro Carmen Fossari, marcada para o dia 6 de novembro, às 20h. Os ingressos serão distribuídos na bilheteria do teatro, a partir das 19h, respeitando a ordem de chegada do público.
Sob direção e dramaturgia de Henrique Fontes, o espetáculo explora a história da seca e o impacto da escassez de água na vida dos sertanejos nordestinos, refletindo sobre o direito à água enquanto necessidade e luta. A história propõe um olhar profundo sobre o sofrimento e a resistência das populações afetadas pela seca no Ceará, confrontando o público com perguntas inquietantes: Até quando o discurso da seca será tratado como uma mera fatalidade? Como romperemos com as cercas da indiferença e da falta de acesso à água potável?
UMA HISTÓRIA DE LUTA E RESISTÊNCIA
O enredo de A Força da Água percorre um século de histórias, revelando como o direito à água, tão fundamental, ainda não é garantido pela Constituição brasileira. As cenas retratam um histórico de promessas não cumpridas, partindo de Dom Pedro e atravessando períodos de genocídio em campos de concentração e o emblemático Caldeirão, chegando até os dias atuais. As cenas, embaladas por um toque de humor crítico, trazem ao palco documentos e relatos que retratam os obstáculos que ainda se impõem ao acesso à água potável.
Essa proposta audaciosa de teatro documental é uma marca dos trabalhos do diretor Henrique Fontes, que vem explorando essa linguagem em produções anteriores com o Grupo Carmin e outros coletivos teatrais pelo Brasil. O uso de documentos históricos, narrativas pessoais e materiais de arquivo cria uma experiência teatral única, entrelaçando informações e emoções para provocar uma reflexão intensa. “Descobrimos que a água não é um direito constitucional. Como algo tão vital não está presente entre nossos direitos fundamentais?” questiona Fontes, reforçando a urgência da discussão que a peça propõe.
INSPIRAÇÃO E CONSTRUÇÃO DA OBRA
A pesquisa que deu origem a A Força da Água teve início em 2018, com o projeto “Dramaturgias da Água e da Seca”, desenvolvido na Escola Porto Iracema das Artes, no Ceará. A partir de uma abordagem inicial inspirada na obra O Quinze, de Rachel de Queiroz, a pesquisa foi ampliada, passando por fatos históricos e políticas públicas em torno da chamada “indústria da seca”. A equipe realizou visitas a locais historicamente marcados pela seca, como as ruínas da barragem no sítio histórico de Patu, em Senador Pompeu. Foi lá que o grupo mergulhou nas memórias dos campos de concentração que ali existiram, o que ampliou o escopo da obra e consolidou a opção pelo teatro documental.
Durante o processo, Henrique Fontes encontrou uma metáfora poderosa para representar a resistência dos sertanejos. “O corpo humano é composto por 60% de água. Quando uma pessoa resiste, é como se a água dentro dela tentasse romper aquilo que a aprisiona”, afirma Fontes. A ideia de que a água representa a luta e a resistência transforma o espetáculo em uma jornada de resiliência, um convite ao público para refletir e se posicionar diante da realidade vivida pelo povo nordestino.
DESMONTANDO A “INDÚSTRIA DA SECA”
Em um país onde a seca é um problema cíclico, muitas vezes enfrentado com medidas paliativas, a peça questiona o tratamento histórico e político do tema. Ao longo dos anos, a seca tem sido abordada como um problema natural e inevitável, mas A Força da Água desafia essa visão, expondo as políticas e estruturas de poder que perpetuam a falta de acesso à água no sertão. O espetáculo confronta o público com a “indústria da seca”, um termo usado para descrever o uso político do fenômeno para ganhos financeiros e controle social.
Além do questionamento, o espetáculo também é um tributo àqueles que resistem. Desde as promessas de Dom Pedro até os recentes esforços comunitários, a peça convida os espectadores a reconsiderar as narrativas dominantes e se juntar à luta por um direito que deveria ser inalienável.
SINOPSE
Até quando aceitaremos o discurso da seca como fatalidade? O que nos impede de romper
a cerca que nos controla? A Força da Água, nova peça do Pavilhão da Magnólia, com
dramaturgia e direção de Henrique Fontes, traça o caminho historiográfico da seca no
Ceará. Desde as promessas feitas por Dom Pedro, passando pelo genocídio nos campos
de concentração e no Caldeirão até o tempo presente quando, descobrimos que a água não
é um direito constitucional. A peça de Teatro Documental, de forma bem-humorada, trata de
fatos apagados da História do Brasil em torno da indústria da seca. Os relatos e
documentos denunciam aquilo que nos impede de ter acesso à água potável e de
qualidade. Até quando aceitaremos? Quando deixaremos nossas águas transbordarem?
Ficha Técnica:
Elenco: Denise Costa, Eliel Carvalho, Jota Junior Santos,Nelson Albuquerque e Silvianne
Lima / Dramaturgia e Direção: Henrique Fontes / Direção de Movimento: Ana Claudia Viana
/ Pesquisadora-colaboradora: Cydney Seigerman / Oficina Rasaboxes: Julia Sarmento/
Desenho de luz: Wallace Rios/ Operação de luz: Jão Rios / Cenografia: Rodrigo Frota/
Adereços: Beeethoven Cavalcante / Figurino: Ruth Aragão / Assistência de Figurino: Wendy
Mesquita/ Sonoplastia: Ayrton Pessoa Bob e Eliel Carvalho / Preparação Vocal: Thiago
Nunes / Ilustrações: Raisa Christina / Designer Gráfico: Carol Veras / Fotos: Arthur Bluz /
Fotos projetadas e Edição de vídeo (DeepFake): Allan Diniz / Produção Executiva: Som e
Fúria Produções / Coordenação de Produção: Jota Jr. Santos e Silvianne Lima /
Acessibilidade em Libras: IncluAção / Agradecimentos: Alenio Alencar, Alexandre Costa,
Belchior Torres, Bruno Souza dos Santos, Daniel Torres, Fabio Matias – Nego, Francis
Wilker, Gabriel Dantas, Glairton de Paula, Glauber Matos, Kênia Rios, Kleber Pinheiro,
Levi Mota, Marcelina, Marcio Abreu, Martinha, Miguel Vellinho, Renato de Humaitá,
Ricardo Bruno, Rosa Primo, Ruth Martins, Thereza Rocha, Viviane Lima, Cia Prisma,
Coletivo Patu, Escola Porto Iracema das Artes, Fundação Santa Terezinha, Pequeña Cia de
Teatro, Xama Teatro, Secretaria de Educação e Cultura de Senador Pompeu e Secretaria
da Cultura do Estado do Ceará.
Sobre o Pavilhão:
Nos seus 19 anos de trajetória, o Grupo Pavilhão da Magnólia se consolida como um dos
grupos expoentes do teatro brasileiro contemporâneo e investe em diversificados caminhos
de criação em diálogo com outros criadores da cena, com uma atenção a experimentações
de linguagens que ampliem os limites do que compreendemos por teatro para adultos e
para as infâncias. Assim, surge um potente repertório que passeia por experiências para as
infâncias e para o público adulto. São mais de 1200 apresentações (18 espetáculos
montados) em mais de 80 cidades e participando de importantes Festivais e Mostras de
teatro e arte do país. Nosso repertório é composto hoje por: Há uma fsta sem começo que
não termina com o fim – 2021; direção: Francis Wilker (DF/CE); Napoleão – 2019; direção:
Marcelo Romagnoli (SP); Maquinista – 2018; direção:Here Aquino (CE); Ogroleto (2015) ;
direção: Miguel Vellinho(RJ). Desde 2018, tem como sede, a Casa Absurda, espaço de
cultura independente da cidade de Fortaleza.
Sobre Henrique Fontes:
Dramaturgo, ator, diretor teatral e gestor cultural com 35 anos de experiência. Como diretor
tem 19 peças montadas e como dramaturgo 29 textos escritos. Henrique Fontes também é
fundador do Espaço Cultural Casa da Ribeira em Natal e atual diretor artístico. Tem
trabalhado com o Grupo Carmin desde sua origem em 2007 e ajudou também a fundar os
Grupos Beira, Atores à Deriva e Grupo Casa da Ribeira. Integrou o Grupo Clowns de
Shakespeare entre 1996 e 2004. Indicado aos prêmios Shell e APTR 2023 na categoria
Dramaturgia pelo espetáculo: “Peça de Amar”; Vencedor do Prêmio Shell 2019 na categoria
Dramaturgia pelo espetáculo “A Invenção do Nordeste”. Vencedor do Prêmio do Humor
2019 de melhor dramaturgia e também o Prêmio Botequim Cultural 2019 como melhor autor
e Prêmio APTR de melhor dramaturgia. Todos pela peça A Invenção do Nordeste.
SERVIÇO
Espetáculo: A Força da Água
Data: 6 de novembro, quarta-feira
Horário: 20h
Local: Teatro Carmen Fossari – Praça Santos Dumont, Rua Desembargador Vitor Lima, 117 – Trindade, Florianópolis
Classificação: 14 anos
Entrada: Gratuita (Ingressos distribuídos a partir das 19h)
Informações: (85) 98890-6539 | Instagram: @paviilhaodamagnolia