Luta contra a Fome, tributação dos super-ricos e clamor pela paz são temas proclamados por Lula na Cúpula do Brics
Na manhã do dia 23 de outubro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, por videoconferência, da 16ª Cúpula do Brics, realizada em Kazan, na Rússia. Essa reunião, que promete ser um marco nas relações entre os países membros, trouxe à tona não apenas a questão da fome, mas também a necessidade urgente de uma tributação mais justa para os super-ricos. Neste artigo, vamos explorar as propostas de Lula, a dinâmica da cúpula e o impacto das discussões para o futuro global.
Conteúdos
ALIANÇA GLOBAL CONTRA A FOME
Logo no início de sua fala, Lula destacou a proposta brasileira de criar uma Aliança Global contra a Fome e a Miséria. Essa iniciativa, que já estava em discussão no G20 em novembro, visa unir esforços para erradicar a fome que assola milhões de pessoas. Você já parou para pensar quantas vidas poderiam ser transformadas se todos os países se unissem para combater essa realidade? O presidente convidou os líderes do Brics a se juntarem a essa causa, ressaltando a importância de uma abordagem colaborativa.
TRIBUTAÇÃO DOS SUPER-RICOS
Outro ponto crucial abordado foi a criação de um regime global de tributação para os super-ricos. Em um mundo onde as desigualdades aumentam a passos largos, essa proposta se torna um chamado à ação. Lula argumentou que é essencial discutir formas de garantir que aqueles que mais possuem contribuam de maneira justa para a sociedade. Afinal, não seria mais equilibrado que todos participassem do desenvolvimento econômico?
DIALOGANDO SOBRE A PAZ
Lula também não deixou de lado o clamor por paz em meio a conflitos internacionais. Ele citou a devastadora situação em Gaza, que, segundo o presidente da Turquia, se tornou “o maior cemitério de mulheres e crianças do mundo”. A urgência em promover negociações de paz entre países em guerra, como Ucrânia e Rússia, foi um dos temas centrais de sua fala. A pergunta que fica é: como podemos, coletivamente, evitar que essas guerras se transformem em crises globais?
UM NOVO OLHAR SOBRE A MOEDA GLOBAL
Durante sua apresentação, Lula mencionou a necessidade de discutir uma moeda alternativa ao dólar nas transações comerciais entre os países emergentes. Você já imaginou como seria um sistema financeiro mais equitativo, que beneficiasse as economias em desenvolvimento? A proposta não visa substituir as moedas locais, mas sim facilitar transações e reduzir a dependência do dólar, criando um ambiente mais justo para o comércio internacional.
O FUTURO DO BRICS
Lula também elogiou a presidência de Dilma Rousseff no Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), que atualmente financia cerca de 100 projetos de desenvolvimento e infraestrutura. Este banco, concebido para ser uma alternativa às instituições de Bretton Woods, busca apoiar países em desenvolvimento sem impor as condicionalidades habituais. Isso não é uma mudança significativa na forma como o mundo se financia?
Durante a cúpula, foram discutidas diversas iniciativas voltadas para a sustentabilidade e o desenvolvimento econômico. O presidente brasileiro fez um apelo para que os países emergentes, junto com os desenvolvidos, assumam sua parte na luta contra as mudanças climáticas. Você sabia que o Brics representa 36% do PIB global por paridade de poder de compra e possui 72% das terras raras do planeta? Essa é uma força que não pode ser ignorada!
ENFRENTANDO DESAFIOS GLOBAIS
Além das discussões sobre economia e finanças, a cúpula abordou temas sociais urgentes, como o empoderamento econômico feminino e a desigualdade de gênero. A Aliança Empresarial de Mulheres, que está sendo criada, busca fomentar redes que ajudem a combater essas desigualdades. Você acha que essa é uma boa estratégia para promover uma sociedade mais justa e igualitária?
Lula também se posicionou contra a imposição de “apartheids” no acesso a vacinas e medicamentos, como aconteceu durante a pandemia. É fundamental que todos tenham acesso igual a recursos essenciais, não acha? O presidente enfatizou a importância de construir um futuro baseado na inclusão e na justiça, onde a voz dos governos prevaleça sobre os interesses privados.
LULA NA CÚPULA DO BRICS: CONFIRA A FALA DE LULA NA ÍNTEGRA
Mesmo sem estar pessoalmente em Kazan, quero registrar minha satisfação em me dirigir aos companheiros do Brics. Quero agradecer o apoio que os membros do grupo têm estendido à presidência brasileira do G20.
Seu respaldo foi fundamental para avançar em iniciativas que são cruciais para a redução das desigualdades, como a taxação de super-ricos.
Nossos países implementaram nas últimas décadas políticas sociais exitosas que podem servir de exemplo para o resto do mundo.
A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza já está em fase avançada de adesões.
Convido todos a se somarem à iniciativa, que nasceu no G20, mas está aberta a outros participantes.
O Brics é ator incontornável no enfrentamento da mudança do clima. Não há dúvida de que a maior responsabilidade recai sobre os países ricos, cujo histórico de emissões culminou na crise climática que nos aflige hoje. É preciso ir além dos 100 bilhões anuais prometidos e não cumpridos, e fortalecer medidas de monitoramento dos compromissos assumidos. Os dados da ciência exprimem um sentido de urgência sem precedentes. O planeta é um só e seu futuro depende da ação coletiva.
Também cabe aos países emergentes fazer sua parte para limitar o aumento da temperatura global a um grau e meio.
Na COP 30, em Belém, vamos juntos mostrar que é possível conciliar maior ambição em nossas Contribuições Nacionalmente Determinadas com o princípio das responsabilidades comuns, mas diferenciadas.
Na presidência brasileira do Brics, queremos reafirmar a vocação do bloco na luta por um mundo multipolar e por relações menos assimétricas entre os países.
Não podemos aceitar a imposição de “apartheids” no acesso a vacinas e medicamentos, como ocorreu na pandemia, nem no desenvolvimento da Inteligência Artificial, que caminha para tornar-se privilégio de poucos.
Precisamos fortalecer nossas capacidades tecnológicas e favorecer a adoção de marcos multilaterais não excludentes, em que a voz dos governos prepondere sobre interesses privados.
O Brics foi responsável por parcela significativa do crescimento econômico mundial nas últimas décadas.
Juntos, somos mais de 3,6 bilhões de pessoas, que integram mercados dinâmicos com elevada mobilidade social.
Representamos 36% do PIB global por paridade de poder de compra. Contamos com 72% das terras raras do planeta, 75% do manganês e 50% do grafite.
Entretanto, os fluxos financeiros continuam seguindo para nações ricas.
É um Plano Marshall às avessas, em que as economias emergentes e em desenvolvimento financiam o mundo desenvolvido.
As iniciativas e instituições do BRICS rompem com essa lógica.
A atuação do Conselho Empresarial contribuiu para ampliar o comércio entre nós.
As exportações brasileiras para os países do Brics cresceram doze vezes entre 2003 e 2023.
O Brics é hoje a origem de quase um terço das importações do Brasil.
A Aliança Empresarial de Mulheres está criando redes para fomentar o empoderamento econômico feminino e combater as desigualdades de gênero que persistem.
Por meio do Mecanismo de Cooperação Interbancária, nossos bancos nacionais de desenvolvimento vão estabelecer linhas de crédito em moedas locais, que reduzirão os custos de transação de pequenas e médias empresas.
O Novo Banco de Desenvolvimento (o NDB), que neste ano completa dez anos, tem investido na infraestrutura necessária para fortalecer nossas economias e promover uma transição justa e soberana.
Sob a liderança da companheira Dilma Rousseff, o NDB conta atualmente com uma carteira de quase 100 projetos e com financiamentos da ordem de 33 bilhões de dólares.
Ele foi pensado para ser bem-sucedido onde as instituições de Bretton Woods continuam falhando.
Em vez de oferecer programas que impõem condicionalidades, o NDB financia projetos alinhados a prioridades nacionais.
Em vez de aprofundar disparidades, sua governança se assenta na igualdade de voto.
Agora é chegada a hora de avançar na criação de meios de pagamento alternativos para transações entre nossos países.
Não se trata de substituir nossas moedas. Mas é preciso trabalhar para que a ordem multipolar que almejamos se reflita no sistema financeiro internacional.
Essa discussão precisa ser enfrentada com seriedade, cautela e solidez técnica, mas não pode ser mais adiada.
Muitos insistem em dividir o mundo entre amigos e inimigos. Mas os mais vulneráveis não estão interessados em dicotomias simplistas.
O que eles querem é comida farta, trabalho digno e escolas e hospitais públicos de acesso universal e de qualidade.
É um meio ambiente sadio, sem eventos climáticos que ponham em risco sua sobrevivência.
É uma vida de paz, sem armas que vitimam inocentes.
Como disse o presidente Erdogan na Assembleia Geral da ONU, Gaza se tornou “o maior cemitério de crianças e mulheres do mundo”.
Essa insensatez agora se alastra para a Cisjordânia e para o Líbano.
Evitar uma escalada e iniciar negociações de paz também é crucial no conflito entre Ucrânia e Rússia.
No momento em que enfrentamos duas guerras com potencial de se tornarem globais, é fundamental resgatar nossa capacidade de trabalhar juntos em prol de objetivos comuns.
Por isso, o lema da presidência brasileira será “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável”.
Companheiros, espero vê-los na próxima Cúpula para construir mais um capítulo da nossa história comum.
Muito obrigado presidente Putin e muito obrigado aos companheiros que estão em Kazan.
O QUE VEM POR AÍ
Com a presidência do Brics se aproximando, em 2025, o Brasil se prepara para assumir um papel ainda mais ativo nas discussões internacionais. A próxima cúpula será uma oportunidade de avançar em questões cruciais e fortalecer a cooperação entre os países do Sul Global. A pergunta que permanece é: como os líderes poderão traduzir essas discussões em ações concretas para o bem-estar de suas populações?