O escândalo da criptomoeda LIBRA e Javier Milei: entenda o caso passo a passo
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Artigo por Wladimir Crippa
Nos últimos dias, o presidente argentino Javier Milei se envolveu em uma polêmica que mistura política, promessas de liberdade econômica e uma criptomoeda chamada LIBRA, que desabou quase totalmente em questão de horas. Vamos explicar o que aconteceu! Não se preocupe se você não está familiarizado com termos técnicos, escrevemos este artigo de forma a que todos entendam, ok?
Conteúdos
- O que é a LIBRA e por que Milei a promoveu?
- A valorização e o colapso: como a LIBRA virou “pó”?
- A reação de Milei: “não sabia de nada!”
- As consequências para os investidores comuns
- Repercussão política: CPI, investigação e crise de imagem
- Lições para quem investe (ou quer investir) e o que aprendemos com isso
O que é a LIBRA e por que Milei a promoveu?
A LIBRA é uma criptomoeda — uma moeda digital que, em teoria, funciona como uma alternativa ao dinheiro tradicional. Diferente do peso argentino ou do dólar, ela não é controlada por um banco central, mas por um grupo privado chamado “Viva La Libertad Project”. O projeto afirmava que a LIBRA financiaria pequenas empresas na Argentina, alinhada às ideias libertárias de Milei (que defende menos intervenção do governo na economia).
O que Milei fez?
No dia 14 de fevereiro de 2025, Milei postou em suas redes sociais um vídeo com um QR Code incentivando as pessoas a comprarem a LIBRA. Ele associou a criptomoeda a seus ideais de liberdade, o que gerou entusiasmo em seus apoiadores.
Por que isso é importante?
Quando uma figura pública como um presidente, um artista famoso, um ator popular recomenda algo, muitas pessoas confiam e investem sem questionar. É natural que parte da população siga o conselho.
A valorização e o colapso: como a LIBRA virou “pó”?
Primeiro veio o “boom”. Após o post de Milei, milhares de pessoas compraram a LIBRA. Em poucas horas, seu valor subiu quase 5.000%. A capitalização de mercado (valor total de todas as moedas em circulação) chegou perto de US$ 6 bilhões, segundo alguns sites.
Depois veio o desastre. Horas depois, a LIBRA desabou 99%. Especialistas em blockchain (o “livro digital” que registra transações de criptomoedas) descobriram indícios de fraude:
– Poucas carteiras digitais (como contas bancárias virtuais) detinham a maior parte das moedas. Isso permitia que esses donos manipulassem o preço.
– Os criadores da LIBRA retiraram US$ 87 milhões dos pools de liquidez (reservas de dinheiro que mantêm a moeda estável), logo que a moeda chegou próximo de US$ 5,00.
Simplificando: Foi como um “esquema de pirâmide”. Quem entrou primeiro ganhou dinheiro, mas quem chegou tarde perdeu tudo.
A reação de Milei: “não sabia de nada!”
Diante do colapso, Milei apagou o post no dia seguinte (15 de fevereiro) e disse:
“Apoiei uma iniciativa privada que parecia boa, mas não chequei os detalhes. Não tenho ligação com ela.”
Esta “justificativa” tem vários problemas. Pra começar, a formação de Milei. Ele é economista! Como um economista apóia um projeto diretamente relacionado a finanças sem saber? Depois, sendo ele presidente, ele tem assessores para verificar projetos antes de promovê-los.
A oposição argentina acusou Milei de “agir com irresponsabilidade” e até de “ajudar golpistas”.
Além de tentar se isentar, Milei criou uma Unidade de Investigação contra a corrupção e disse que foi vítima de um “grupo inescrupuloso”. Negou ligação com Hayden Davis, um empresário que afirmou ser “assessor” dele e um dos criadores da LIBRA.
As consequências para os investidores comuns
Muitas pessoas perderam economias por confiarem no presidente. Foram mais de 44.000 pessoas que adquiriram a $LIBRA. Analisando a blockchain, podemos chegar aos seguintes números:
– 62% perderam entre 1 e 1000 dólares;
– 21% ganharam entre 1 e 1000 dólares;
– 9% perderam entre 1000 e 10000 dólares;
– quase 3% perderam entre 10.000 e 100.000 dólares;
– somente 0,18% ganharam mais de 100.000 dólares.
Elon Musk, Donald Trump e outros já influenciaram o valor de criptomoedas com posts, mas nenhum caso foi tão grave quanto este.
Repercussão política: CPI, investigação e crise de imagem
A oposição abriu uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Congresso para apurar quem lucrou com a LIBRA e se Milei sabia dos riscos antes de promover a moeda.
Também se buscará a resposta para as perguntas:
– Por que Milei promoveu um projeto sem saber quem estava por trás?
– Como os criadores da LIBRA conseguiram acesso a ele?
Lições para quem investe (ou quer investir) e o que aprendemos com isso
– Criptomoedas são arriscadas: Podem render muito, mas também sumir da noite para o dia.
– Desconfie de promessas milagrosas: Se algo soa bom demais para ser verdade, provavelmente é golpe.
– Cheque quem está por trás: Projetos sérios têm nomes e históricos públicos.
– Criptomoedas exigem cautela. Nunca invista dinheiro que você não pode perder.
– Figuras públicas devem ser responsáveis por o que promovem. Um post pode destruir economias pessoais.
As investigações dirão se houve crime ou apenas incompetência, mas a LIBRA já entrou para a história como um exemplo dos perigos da combinação entre política, influência digital e falta de regulamentação.
BOX DE DÚVIDAS COMUNS:
- O que é blockchain? → Um sistema digital que registra transações de forma pública e segura, como um “livro contábil” impossível de ser adulterado.
- O que é liquidez? → É a facilidade de comprar ou vender um ativo sem afetar seu preço. Sem liquidez, você pode ficar “preso” com um investimento inútil.
- Milei pode ser processado? → Depende das investigações. Se provarem que ele sabia do golpe, sim. Caso contrário, levará uma “bronca política”.
Wladimir Crippa – administrador do grupo Bitcoin Brasil (fb.com/groups/btcbr); organizador da bitconf – bitconf.com.br (1ª conferência sobre Bitcoin realizada no Brasil, desde 2014); ex-assessor do Ministro da Ciência e Tecnologia (Celso Pansera/2016); atualmente membro da Comissão Temática de Tecnologia, Inovação e Transformação Digital do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável. CEO da Blockchain Brasil. E-mail: wladimir@wladimir.com.br
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