Foi dada a largada nas eleições municipais em Santa Catarina

eleições municipais em Santa Catarina

Após 20 dias do início da campanha, começam a esquentar as disputas políticas, agora com a propaganda eleitoral obrigatória. A bola da vez está em Criciúma, com Clésio Salvaro preso, o que torna a disputa mais interessante. Seu sucessor, Vaguinho, do PSD, pode se eleger com a absolvição de Salvaro, mas, caso contrário, o cenário se abre para os cinco opositores, que terão a responsabilidade de correr para ganhar a vaga. 

Em Chapecó, o caldo engrossou. Na maior cidade do Oeste, há bons quadros. João Rodrigues segue convicto de que será eleito. Já foi deputado federal e prefeito de Pinhalzinho, a oposição não fica para trás, com Pedro Uczai, deputado federal, e com a vice Luciane Carminatti, deputada estadual. Será uma briga de gigantes. Os demais candidatos a prefeito competem para ajudar os partidos com vaga no legislativo, quase em desespero.

Não é de hoje que os deputados federais e estaduais enfrentam disputas municipais, como está acontecendo em Blumenau com Ana Paula Lima. Embora perfeccionista, a campanha segue por toda a cidade como a preferida. Muitos olham com desdém quando se trata da esquerda, mas, quando ela entrou na disputa, tudo se tornou um pouco mais sério. Os muitos tornaram-se lulistas desde criança, mesmo carregando o adesivo com o número 22 no peito, já que até a oposição tenta filar um pedacinho dessa picanha para chegar na câmara municipal.

Nas disputas por deputados continuamos a debater outros municipios, Carlos Chiodini foi para Itajaí, buscando garantir a fidelidade de seu eleitorado e tentar salvar as prefeituras do MDB, que antes venciam com tranquilidade. Já Carmen Zanotto, aliada de Jorginho Mello, foi para Lages impor a vontade do governo e chamar a prefeitura de sua, disputando estrategicamente pensando nas eleições de 2026, sem deixar espaço para antigos candidatos da região. 

Agora, os demais políticos começam a criar suas redes, percebendo que ninguém sobrevive na política sozinho, e a renovação tem sido o grande palco nessa eleição. Isso se reflete em Paulinha, incentivando Mônica Duarte; a família Amin, deixando seu legado para Pedrão; e Décio Lima, trabalhando Vitor Silveira, em Florianópolis. Já outros políticos, entretanto, não querem largar o osso e não construíram sucessores fortes o bastante para brigar por eles e passar o bastão, como é o caso de Dário Berger, Afrânio Boppré, Leonel Pavan, Orvino Coelho, Cláudio Aragão, Juliano Campos, entre outros.

A atenção deve se voltar também para a capital, já que as capitais lideram na formação de políticos com projeção nacional. Nesse sentido, a disputa se torna interessante. Topázio, o prefeito tiktoker já reconhecido nacionalmente, enfrenta dificuldades na busca por espaço. Antes, era vice de Gean, um veterano da política que se manteve intacto nas eleições. Agora, Gean pulou do barco e foi fazer campanha para alguém que conhece há anos, o Dario. A pergunta que fica é: será que Gean Loureiro planejou esse movimento desde 2022 ou houve tentativas de reconciliação? Topázio, Gean e Dário se tornam figuras muito presentes no cotidiano. Topázio tenta tirar a bola do jogo a todo custo, com diversos processos judiciais de remoção da propaganda eleitoral de Dário. Ineficaz, parte para o ataque e se perde no personagem, com um vídeo polido dizendo que não faz parte da velha política, afirmando que deu casa, comida e roupa lavada a Gean, e outro vídeo, em rede nacional, acusando Gean de várias polêmicas do passado. Vale lembrar que Gean foi eleito e saiu vitorioso dos debates, e os eleitores comentam que votariam nele novamente, fazendo Topázio voltar a observar a disputa, dessa vez olhando para a oposição, levantando a bola de Marquito para os dois irem juntos ao segundo turno, sabendo que, se for qualquer outro, pode perder. O desespero de Topázio é que ele não espera a troca de tempo do jogo, que sempre pode melhorar até as duas últimas semanas de eleição.

A oposição se torna um pouco confusa. Lela, falando do governo Lula, com boas aparições na TV, segue as estratégias do partido sem muito mistério. Ansioso para ir as ruas fazer campanha e despreocupado com o que vão falar. Pensando partidariamente, buscando os votos do Lula e do Décio, estratégia que foi vitoriosa da eleição de 2022, com Décio indo a segundo turno no governo do estado. Com lealdade, continua testando os adversários. E Portanova não se renova. Ele tentou ser candidato pelo PT, e, frustrado, partiu para um lugar de conforto, desta vez acusando a esquerda e a direita. Um político que se coloca como intermediário para tentar ajudar o AVANTE, sem aliados e muito menos aliados importantes, vai ficando na política como alguém do meio termo. Já Marquito ainda tem muito a caminhar, escolheu uma coligação com um partido quase inexistente, se colocou mais à esquerda e sem muita estratégia. O PSOL voltou a ser um partido de movimento estudantil, sendo engolido pelos tubarões. Apesar da adesão espontânea à campanha nas primeiras semanas, ele não conectou os pontos. Não é só de amor que se faz um político buscando se aproximar de quadros mais populares, como o Lula, mais uma vez, precisa de figuras petistas para sobreviver no estado. 

Fato é que ninguém sabe o que está acontecendo em Florianópolis. A campanha está muito tímida. A direita ainda não comprou a empolgação necessária para levar a população às ruas, e a esquerda tem segurado o fôlego para o final da campanha. Não é hora de mostrar a força de ninguém. A população ainda não entrou no clima e está insatisfeita com a obrigação de assistir à propaganda eleitoral, ainda mais com ataques tão mal feitos pelos tubarões. A população deixa de falar de projetos e começa a falar em posição partidária: “Até votava no candidato X, mas ele mudou para o PT ou para o PL”, como se isso fosse o mais importante da eleição.

No restante do estado, os partidos que sempre foram respeitados devem se posicionar e colocar o bloco na rua para não perder espaço, como é o caso do MDB. Alguns atacam como se fosse tudo ou nada, como o PL e o PT. Agora, PP, PSDB e PSD têm se mostrado como partidos de acordos. O NOVO busca se manter, com um deputado estadual, sem candidatura de Bruno Souza, com a prefeitura de Joinville em risco e sem tempo de TV. Preocupam-se em como continuar sendo referência, já que muitos movimentos partiram daqui para o cenário nacional do NOVO. O REPUBLICANOS e o PODEMOS, às vezes, se confundem. A diferença é que Paulinha tem feito do partido algo mais à esquerda, desde que foi expulsa do PDT. Mesmo com arrependimento, não viu outra saída senão continuar enfrentando tudo e todos. O PSB se frustra a cada dia nas disputas municipais, apostando na prefeitura em Garopaba com dobradinha em Imbituba, municipio ao lado. Com a saída de Juliano Campos e Vignatti, que projetavam suas frustrações pessoais no partido o PSB se reoxigena fazendo a aliança com o PT, o pai da política de esquerda. Se eles conseguirão se fixar no cenário político é história que vai ficar para 2026.

Por fim, o UP ganhou um micro espaço com o PSOL, mas o PSOL ainda não sabe o que fazer para formar quadros. A disputa interna é tão grande que eles não avançaram para além das alas Marquito e Afrânio, concentrado na capital. O PDT tem definhado cada vez mais, morrendo junto com Brizola. A visão ideológica getulista demonstra um descompasso com o cotidiano. Essa história de venerar o gaúcho ficou no passado, ainda mais em Santa Catarina. Já os demais partidos ainda não alcançaram popularidade no estado e terão que aprender muito para entrar na disputa.


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