Símbolo de luta por um mundo melhor, Mafalda comemora 60 anos de muitas histórias

Mafalda
Fotografia: Francine Canto

 

Mafalda, a icônica personagem criada pelo cartunista argentino Quino, completa 60 anos. Quem diria que uma menina tão pequena, com suas frases ácidas e veia crítica, se tornaria uma referência não apenas na Argentina, mas em todo o mundo? E mais: inspirando artistas e ativistas, especialmente em tempos de crise e incerteza política. Mas afinal, por que Mafalda, mesmo depois de tanto tempo, continua relevante? O que a mantém tão viva, mesmo após a morte de seu criador, em 2020? Vamos explorar essas questões e entender como essa personagem se tornou um símbolo de resistência e reflexão crítica.

O QUE MAFALDA REPRESENTA PARA A ARGENTINA?

A Argentina tem vivido momentos conturbados, principalmente desde a posse de Javier Milei como presidente. Com o aumento da pobreza, protestos generalizados e uma crescente censura à liberdade de expressão, o país enfrenta uma crise que mexe diretamente com a comunicação pública. Não é à toa que muitos artistas e ativistas sentem a necessidade de uma “volta” de Mafalda.

Carlos Lattuf, famoso chargista brasileiro, compartilha sua visão sobre o contexto atual: “Creio que Mafalda deveria voltar com força total, já que, em tempos de Javier Milei na presidência, é mais que necessário uma voz crítica e contundente como a da personagem criada por Quino.” Mafalda sempre foi essa voz. Sua crítica aos absurdos da sociedade, apresentada de maneira tão simples e acessível, parece cada vez mais necessária.

Afinal, como Mafalda reagiria ao cenário atual? Imagine-a levantando bandeiras ao lado de manifestantes, defendendo a liberdade de expressão e os direitos dos mais vulneráveis. É possível visualizá-la em meio às marchas, indignada com o que chamam de “liberdade”, mas que, na verdade, serve para justificar atitudes antidemocráticas. E você, como acha que Mafalda lidaria com tudo isso?

A INSPIRAÇÃO QUE ULTRAPASSA GERAÇÕES

Mafalda não é apenas uma personagem. Ela é um símbolo de questionamento. Desde os anos 60, ela tem provocado discussões profundas sobre o mundo adulto, os absurdos da política e as contradições da sociedade. Muitos artistas e ativistas, especialmente na Argentina, se inspiram na irreverência da pequena menina. A artista plástica argentina Jorgela Argañaras, por exemplo, compartilha como Mafalda influenciou sua vida desde a infância.

“Passei minha infância na Patagônia argentina lendo Mafalda. O inconformismo dela me ajudou a não me sentir sozinha na pré-adolescência”, conta Jorgela. E não é só ela. Quantas vezes você já não se pegou refletindo sobre as críticas que Mafalda faz à política e à sociedade, não é?

O ponto é que Mafalda não se conforma. Ela desafia. E, ao fazer isso, convida todos nós a pensar e repensar nossas atitudes e crenças. Sua crítica à ingenuidade de Felipe, à falta de jeito de Manolito e ao sexismo de Susanita são exemplos claros de como a personagem não tem medo de abordar temas difíceis. E se ela nos inspirou tanto no passado, por que não continuaria a nos inspirar agora?

Foto: Carlos Latuff/Divulgação

MAFALDA COMO SÍMBOLO DE RESISTÊNCIA POLÍTICA

Atualmente, a Argentina vive um dos piores momentos em relação à liberdade de expressão, especialmente para jornalistas e meios de comunicação. Segundo Agustín Lecchi, secretário-geral do Sindicato de Imprensa de Buenos Aires, os ataques à liberdade de imprensa são alarmantes. “Prova disso são os ataques aos meios de comunicação e aos jornalistas, a censura aos meios públicos e o ataque aos meios comunitários, em particular ao seu financiamento.”

É nesse contexto que a crítica de Mafalda seria mais do que relevante. O humor ácido da personagem seria uma forma de resistência e protesto contra um governo que, de acordo com Lecchi, vem desmantelando o sistema de comunicação pública. E você, já pensou como a figura de uma menina pode ser tão poderosa contra estruturas opressivas?

MAFALDA NO CONTEXTO INTERNACIONAL

Se na Argentina Mafalda é uma figura central de resistência, no Brasil e no mundo sua influência também não passa despercebida. A quadrinista brasileira May Solimar destaca como a personagem de Quino é uma referência em suas obras, principalmente ao abordar temas como machismo e racismo. “A Mafalda é uma inspiração incrível. Um símbolo de ativismo. Ela atinge vários públicos e fala como todo mundo entende.”

Mafalda, com sua simplicidade, consegue transmitir mensagens complexas. Sua maneira de questionar o mundo de forma direta e acessível faz com que suas reflexões sejam entendidas por todos, de crianças a adultos. E é exatamente isso que a torna uma ferramenta tão poderosa para artistas como May, que buscam usar seus trabalhos para provocar mudanças sociais.

EDUCAÇÃO E MAFALDA: UMA PARCERIA QUE FUNCIONA

Outro ponto interessante é como Mafalda tem sido usada no contexto educacional. A professora e agente de turismo Taina Gonçalves, que vive atualmente em Buenos Aires, conta como utiliza as tirinhas da personagem em suas aulas. “Ela me ajuda a incentivar meus alunos a serem seres humanos mais críticos.”

Você já parou para pensar na força que os quadrinhos podem ter na educação? Mafalda, com suas críticas e humor, consegue prender a atenção dos alunos e, ao mesmo tempo, provocar debates profundos. E, em tempos de crise, como é o caso da Argentina atualmente, essas discussões se tornam ainda mais relevantes.

O LEGADO DE MAFALDA

O impacto de Mafalda vai muito além dos quadrinhos. Ela se tornou uma ferramenta de resistência, uma fonte de inspiração para artistas e educadores e, acima de tudo, uma voz crítica em um mundo cada vez mais complexo. Mesmo após 60 anos, ela permanece atual, desafiando o status quo e provocando reflexões que ultrapassam fronteiras.

Em tempos como os de hoje, em que as liberdades e os direitos são constantemente ameaçados, personagens como Mafalda se tornam ainda mais necessárias. Sua crítica ao autoritarismo, sua defesa da justiça social e sua visão de mundo continuam a inspirar novas gerações a não aceitarem o mundo como ele é, mas a questioná-lo e, acima de tudo, transformá-lo.

E você? O que pensa sobre o legado de Mafalda? Acha que ela ainda tem muito a nos ensinar? Ou será que o mundo mudou tanto que as lições dela ficaram ultrapassadas? Uma coisa é certa: enquanto houver injustiça e desigualdade, sempre haverá espaço para uma menina rebelde de cabelo preto, que nos desafia a ver o mundo de uma maneira diferente.


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Fonte
Agência Brasil
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