Três projetos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foram aprovados, no último dia 12 de novembro, na Chamada Pública “Meninas nas Ciências Exatas, Engenharias e Computação”, do Ministério das Mulheres, em conjunto com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Na categoria Projeto em Rede Nacional, foram contempladas as professoras Daniela Ota Hisayasu Suzuki, do Departamento de Engenharia Elétrica, Tatiana Renata Garcia, do Departamento de Engenharias da Mobilidade, do Campus de Joinville, e Roseline Beatriz Strieder, do Departamento de Física. Outras duas propostas foram selecionadas na categoria Projeto em Rede Regional.
Entre elas está uma coordenada pela professora Eliane Pozzebon, do Departamento de Computação da UFSC Araranguá; e a segunda pela professora Adriana Passarella Gerola, do Departamento de Química.
Os projetos têm como principal objetivo estimular o ingresso, a formação, a permanência e a ascensão de meninas e mulheres nas carreiras de Ciências Exatas, Engenharias e Computação.
“Esperamos combater preconceitos e estereótipos femininos. É preciso incentivar e encorajar meninas desde cedo a atuar nas áreas STEAM [Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática (Science, Technology, Engineering, Arts Mathematics)], mostrando que não existe diferença no potencial educacional técnico científico entre meninos e meninas”, reitera a professora Tatiana Garcia.
“Além disso, é importante engajar as alunas de graduação nestas ações, para que elas também sejam estimuladas a combater esses preconceitos”, complementa.
Conteúdos
Conheça os contemplados na categoria Projeto em Rede Nacional
STEMina
O projeto “STEMina” é voltado à promoção do interesse pelas áreas tecnológicas em meninas em fase escolar do 8º ano do ensino fundamental até o 3º ano do ensino médio de escolas públicas brasileiras.
Contemplado com quase R$ 1 milhão, ele tem foco especial em diversidade étnico-racial. O objetivo é capacitar estudantes de quatro regiões brasileiras nas áreas de eletrônica, robótica e computação pela modalidade cursos hands-on presenciais, além de promover a disseminação da participação de mulheres nas áreas científica e tecnológica por meio de um podcast, e de incentivar o ingresso das estudantes em cursos superiores.
As aulas serão oferecidas para alunas das seguintes instituições: Escola Indígena de Ensino Fundamental Itaty (Palhoça, SC); Escola Indígena de Educação Básica Cacique VANHKRE (Terra Indígena Xapecó, SC); Escola Cidadã Integral Técnica (ECIT – João Pessoa, PB); Instituto Estadual de Educação (IEE – Florianópolis, SC) e na Escola Nova Canaã (Jacundá, PA) e junto à Organização Não-Governamental Minatech, de Florianópolis.
“É um projeto nacional integrado por mulheres de quatro regiões do país, voltado para meninas de escolas públicas, técnicas, rurais e indígenas”, explica a coordenadora Daniella Suzuki.
O projeto tem prazo de três anos, e deve começar em março de 2025. “As demandas do curso virão das próprias alunas. Queremos que elas tenham o protagonismo de serem criadoras também”, complementa Daniela.
“A proposta é trabalhar o empoderamento. Existe uma potencialidade no empoderamento, de dar voz, mostrar que elas são capazes. Mostrar que Matemática e Engenharia não são exclusividade de homens. Que essas meninas podem também produzir esse tipo de tecnologia, e estar à frente, tirar desse silenciamento, dessa coisa velada que há em torno das vozes femininas, especialmente negras e indígenas”, acrescenta Glaucia Moreno.
Além de disseminar esses conhecimentos de forma presencial e online às alunas, a proposta é ainda criar um podcast sobre o tema e gerar publicações científicas sobre a experiência.
Elas Protagonistas: por uma Física Equitativa e Dialógica
O “Elas Protagonistas” buscará desenvolver investigações científicas pautadas pelo diálogo, que articulem demandas sociais a conhecimentos em Física. O projeto receberá cerca de R$ 760 mil.
“Já no início da vida escolar, as meninas são desestimuladas a se interessarem por ciências, por crenças negativas sobre suas capacidades e expectativas com relação aos papeis que devem desempenhar. Essas crenças, compartilhadas socialmente, influenciam as trajetórias das meninas e mulheres que acabam acreditando que não é uma escolha adequada para elas”, explica a coordenadora Roseline Beatriz Strieder.
“Portanto, iniciativas com o objetivo de identificar, valorizar e incentivar a presença e atuação das meninas e mulheres em STEM são essenciais para problematizar estereótipos e combater preconceitos”, reforça.
Ao total, serão cinco professoras de Física e 25 estudantes que receberão bolsas por 36 meses. Também compõem a equipe, três bolsistas de Iniciação Científica, uma bolsista de Apoio à Divulgação Científica e uma bolsista de Pós-Doutorado, selecionadas atendendo aos requisitos pré-definidos no projeto. Envolverá, além de universidades, escolas públicas de educação básica, localizadas em regiões de vulnerabilidade socioeconômica.
Roseline explica que, associado às pesquisas que as meninas irão desenvolver, estão previstas ações de socialização dos conhecimentos e dos produtos gerados com a comunidade, promovendo um diálogo entre ciência e sociedade. Também é planejado um acompanhamento dos impactos do projeto, com a intenção de construir uma perspectiva mais abrangente no que diz respeito à atuação de meninas e mulheres na Física.
A ideia é que escolas que estejam próximas às universidades participantes sejam escolhidas para fazer parte do projeto, que enviará sua equipe às escolas selecionadas, com a intenção de apresentar o projeto e estabelecer parcerias com professoras de Física, que serão bolsistas de Apoio Técnico-Nível Superiot. Após estabelecida esta parceria, cada professora de educação básica selecionará cinco bolsistas de Iniciação Científica Júnior.
Meninas na Tecnologia – Conexão Norte, Sul e Nordeste
Desenvolvido pela UFSC, no Campus de Joinville, sob a coordenação da professora Tatiana Renata Garcia, o “Meninas na Tecnologia” foi contemplado com R$ 1.278 milhão e conta com parcerias com a Universidade Federal do Pará (UFPA) e com o Instituto Federal do Piauí (IFPI – Campus São Raimundo Nonato). O projeto já existe desde 2022, e em 2024 já contou com 205 equipes participantes.
A próxima etapa é chegar a outras regiões brasileiras para desenvolver ações que estimulem o interesse, o ingresso, a formação e a permanência de meninas e mulheres nas carreiras de Ciências Exatas, Engenharias e Computação no Brasil. A proposta do projeto aprovado é, por meio do desenvolvimento de experimentos de ciências, capacitação de professores das escolas atendidas.
Isso ocorre pela integração entre escola, comunidade e Universidade, buscar combater a evasão que ocorre principalmente nos primeiros anos dos cursos de Ciências Exatas, Engenharias e Computação e despertar o interesse vocacional de estudantes do sexo feminino de escolas públicas, por profissões na área das ciências exatas e para a pesquisa científica e tecnológica.
“Além de falar de tecnologia, vamos discutir temas como violência de gênero, assédios, relações étnico-raciais, saúde sexual e reprodutividade”, acrescenta Tatiana.
“Nos próximos três anos, a proposta é ampliar a capacitação de meninas e professoras(es) em programação e robótica, com atividades de formação online e presenciais”, explica a coordenadora do projeto.
“As alunas têm entre 13 e 17 anos, oriundas de escolas que podem ser públicas ou privadas (as escolas inscrevem as alunas). Além das meninas das escolas também é forte a participação de bolsistas mulheres dos cursos de graduação, que produzem conteúdo e gerenciam o projeto”. O Meninas na Tecnologia faz parte de um Programa de Extensão chamado “Espaço de Ciência e Tecnologia (ECT).
O projeto ampliado com recursos do CNPq terá início em fevereiro de 2025. “Os resultados apresentados até o momento (desde 2022) mostram a viabilidade de execução do projeto, que a cada ano alcança um número maior de participantes e reconhecimento da comunidade. A decisão de expandir o projeto Meninas na Tecnologia em 2024 para diversas cidades de SC mostrou que é possível trabalhar apesar da distância física”, justifica.
Além disso, o histórico das equipes das três instituições com projetos de extensão, muitos voltados para o tema em questão, também deu credibilidade à proposta apresentada”, conclui a professora.
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