O que você faria se soubesse que estamos caminhando rumo a um futuro semelhante ao pior desastre biológico da história do planeta? Parece exagero? Pois não é. O renomado cientista britânico Hugh Montgomery, da University College London, deixou claro: estamos flertando com um colapso ambiental sem precedentes — e ele já começou.
Em plena cidade do Rio de Janeiro, palco do Forecasting Healthy Futures Global Summit, um evento global que conecta saúde e clima, Montgomery lançou um alerta tão urgente quanto incômodo: a crise climática pode desencadear uma nova extinção em massa, nos moldes do Período Permiano, quando cerca de 90% das espécies foram dizimadas por condições extremas. O encontro, que teve início nesta terça-feira (8), marca o início de uma série de debates fundamentais que antecedem a COP30, que será realizada no Brasil, em novembro.
Conteúdos
UMA EXTINÇÃO QUE JÁ ESTÁ EM CURSO
“A maior e mais rápida extinção que este planeta já presenciou está acontecendo agora — e somos nós os responsáveis por isso”, afirmou Montgomery em sua fala de abertura.
Não se trata de um futuro distante ou de uma possibilidade abstrata. As temperaturas globais já subiram 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais, atingindo o limite que cientistas definiram como o máximo seguro para a estabilidade do planeta. E se nada for feito para frear as emissões de gases de efeito estufa, esse número pode chegar a 2,7°C até o fim do século, segundo as projeções atuais.
Você consegue imaginar o que esse aumento significa na prática?
O COLAPSO SILENCIOSO DO PLANETA
Montgomery destaca que se a média global subir para entre 1,7°C e 2,3°C, ainda que por um curto período, as consequências serão devastadoras e imediatas: colapso das calotas polares, aceleração do derretimento do Ártico, e uma desaceleração drástica na Circulação Meridional do Atlântico — uma espécie de sistema nervoso do nosso clima.
“Estamos socando a base da coluna que sustenta nossa própria existência. É uma questão de tempo até que ela desabe”, alertou.
O resultado? Elevação do nível dos oceanos em vários metros, impactando cidades costeiras ao redor do mundo, destruição de ecossistemas inteiros, insegurança alimentar e migrações em massa — um efeito dominó com escala global.
O CUSTO DA INÉRCIA: 38 TRILHÕES DE DÓLARES POR ANO
As implicações não param por aí. Segundo o pesquisador, ignorar o problema terá um preço salgado. E não só ambiental, mas econômico: a crise climática pode provocar uma queda de 20% no PIB global anual a partir de 2049 — o equivalente a 38 trilhões de dólares por ano.
Para além do CO₂, o metano entra como outro vilão silencioso. Com um poder de aquecimento 83 vezes mais potente, esse gás é liberado em grande parte durante a exploração de gás natural — e recebe, ainda hoje, menos atenção do que deveria.
CURAR OU APENAS ALIVIAR OS SINTOMAS?
“É necessário investir em adaptação às mudanças que já nos atingem, claro. Mas isso não pode ser feito em detrimento da redução imediata das emissões. Não adianta tratar os sintomas quando deveríamos estar buscando a cura”, enfatizou Montgomery.
A mensagem é clara: estamos em um ponto de inflexão. Ou escolhemos agir agora — com políticas públicas ousadas, investimentos em energia limpa e mudanças reais no modelo de produção — ou pagaremos um preço altíssimo em vidas, biodiversidade e estabilidade econômica.
E aí, vamos esperar a maré subir ou agir antes que seja tarde demais?
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o imediata para evitar colapso ambiental