A participação de atletas em grandes eventos esportivos, como as Olimpíadas e as Paralimpíadas, sempre trazem histórias de superação, já que muitos deles não contam com grandes patrocínios. Para preencher essa lacuna, muitos projetos sociais, com incentivo ao esporte, auxiliam os atletas, os oferecendo um local propício para treinar e desenvolver os seus talentos.
Nomes como Rebeca Andrade (ginástica artística), Roberta Ratzke (vôlei), Isaquias Queiroz (remo), Rafaela Silva (judô) e Djenyfer Arnold (triatlo) começaram os seus treinos em projetos sociais. Nas Olimpíadas de Paris 2024, 21% das medalhas conquistadas pelo Brasil foram de atletas que passaram por iniciativas como essas.
Neste sentido, instrumentos como as Leis de Incentivo ao Esporte se mostram extremamente importantes para que esses profissionais possam continuar brilhando e trazendo medalhas para o Brasil.
A startup catarinense Incentiv, ecossistema de soluções focadas em gerar impacto social positivo, que conecta empresas, pessoas e projetos socioambientais, por meio de leis de incentivo fiscal, auxilia os projetos nesse sentido e já conseguiu ajudar na captação de R$ 55 milhões em recursos para projetos esportivos por meio da Lei Federal de Incentivo ao Esporte. A legislação continua com inscrições abertas para projetos que buscam captar doações por meio de dedução fiscal.
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A Incentiv contabiliza que 161 projetos já foram beneficiados pela lei, com auxílio da plataforma da startup.
“As leis de incentivo são uma ferramenta extremamente importante para impulsionar projetos que ajudam a mudar a vida de muitas pessoas. Essas iniciativas conseguem identificar talentos no esporte, que futuramente se tornam atletas de alto rendimento, participando inclusive de grandes competições, como as Olimpíadas, por exemplo. Por isso, nós da Incentiv atuamos ajudando esses projetos a captarem recursos, por meio de nossa plataforma que faz um match com empresas que buscam fazer doações por meio de dedução fiscal”, declara Douglas Nicolau, CEO e cofundador da Incentiv.
A lei de incentivo
A Lei nº 11.438/06 – Lei de Incentivo ao Esporte (LIE) – permite que recursos provenientes de renúncia fiscal sejam aplicados em projetos das diversas manifestações desportivas e paradesportivas distribuídos por todo o território nacional. Por meio de doações e patrocínios, os projetos executados via Lei de Incentivo ao Esporte atendem crianças, adolescentes, jovens, adultos, pessoas com deficiência e idosos.
Em julho deste ano, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou sem vetos a Lei 14.933/24, que permite a apresentação por pessoas físicas de projetos esportivos com incentivos fiscais. Antes dessa nova norma, a lei restringia a apresentação dos projetos a pessoas jurídicas, como federações esportivas, organizações não governamentais ligadas a esportes, instituições de ensino, governos e prefeituras.
Atletas começam carreiras em projetos sociais
Um dos grandes destaques do judô brasileiro, o atleta Tiago Camilo começou a sua carreira no Projeto Futuro, do Governo do Estado de São Paulo. A partir dali, ele teve grandes conquistas, como a medalha de prata nas Olimpíadas de Sidney, em 2000, quando tinha apenas 18 anos, além do bronze nos Jogos de Pequim, em 2008.
“Os projetos sociais são extremamente importantes no Brasil. Grandes atletas foram revelados em projetos sociais e é uma oportunidade de a gente ter muitos atletas participando, muitas crianças participando, praticando esporte. Nos projetos sociais conseguimos ter uma grande quantidade de crianças praticando esportes, isso é muito importante”, declara.
Atualmente ele mantém um projeto social, o Instituto Tiago Camilo, que atende crianças de 8 a 18 anos no bairro de Paraisópolis, Zona Sul da cidade de São Paulo, e já impactou mais de 22 mil pessoas.
O paratleta Emerson Ernesto, do time de Goalball masculino, foi convocado para a Seleção Brasileira pela primeira vez em 2016, depois de ter começado no esporte por meio de uma instituição voltada ao trabalho com pessoas com deficiência visual. Ele tem miopia, nistagmo e degeneração da retina. “Nesta instituição tive acesso não apenas ao esporte, mas também a outras atividades inclusivas, sociais e culturais”, relata.
O apoio conseguido pelo projeto fez com que ele chegasse a grandes conquistas, como a tão almejada medalha de ouro nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, em 2020, além do ouro nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago 2023, ouro no Campeonato Mundial em Portugal 2022, ouro no Campeonato das Américas 2022, ouro nos Jogos Parapan-Americanos Lima 2019 e prata no Mundial de Jovens na Hungria em 2017.
“Um projeto social forma cidadãos. Funcionam tanto como ferramenta de inserção e inclusão social, bem como direcionam jovens para futuras profissões. Representam a esperança de muitas crianças e adolescentes, que não têm tantas perspectivas, de buscar se tornar atletas de alto rendimento. É possível perceber nas disputas de Jogos Olímpicos e Paralímpicos a quantidade de atletas que vivenciaram essa realidade. Por isso, é essencial o apoio a este tipo de ação”, declara.
No atletismo, o paratleta Edson Pinheiro, que teve uma paralisia cerebral em seu nascimento, também teve auxílio de projetos sociais, com acesso a equipes multidisciplinares, materiais esportivos e suplementos, que o fizeram ter grandes conquistas para o esporte brasileiro.
Entre elas estão o ouro nos 100m nos Jogos Parapan-Americanos Lima 2019, bronze nos 100m no Mundial Londres 2017, bronze nos 100m nos Jogos Paralímpicos Rio 2016, ouro nos 100m e bronze nos 200m nos Jogos Parapan-Americanos Toronto 2015, prata nos 100m no Mundial Doha 2015, bronze nos 100m no Mundial Lyon 2013, ouro nos 100m e nos 200m e prata nos 400m nos Jogos Parapan-Americanos Guadalajara 2011, bronze nos 100m no Mundial de Christchurch 2011 e ouro nos 100m e nos 200m nos Jogos Parapan-Americanos Rio 2007.
“Ter esse apoio é importante, porque, no primeiro momento, o trabalho é feito de forma de inclusão social, e ao longo do tempo, os projetos vão descobrindo atletas e também formando cidadãos”, destaca.
Também no atletismo, os projetos sociais ajudaram no desenvolvimento e preparação da paratleta Lorena Spoladore, que perdeu a visão devido a um glaucoma congênito desde os primeiros dias de sua vida.
Em sua carreira, ela já conquistou a prata no salto em distância e bronze nos 100m no Mundial de Kobe 2024, ouro no salto em distância nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago 2023, prata no salto em distância no Mundial Paris 2023, bronze nos 100m e nos 200m no Mundial Dubai 2019, bronze nos 100m e nos 200m nos Jogos Parapan-Americanos Lima 2019, prata no revezamento 4x100m e bronze no salto em distância nos Jogos Paralímpicos Rio 2016, bronze no salto em distância nos Jogos Parapan-Americanos Toronto 2015, prata no salto em distância no Mundial Doha 2015 e ouro no salto em distância no Mundial Lyon 2013.
“No início da minha carreira, eu participei de um projeto que um professor de educação física estava iniciando para buscar crianças que tinham habilidade ou desejo de conhecer o esporte paralímpico lá em Goiânia. E foi muito importante participar desse projeto, porque a partir dele eu comecei a minha carreira, conheci o que era o esporte paralímpico e descobri que isso poderia se tornar minha profissão. E ao meu ver, a importância de projetos sociais é justamente essa, de mostrar, de dar oportunidade para crianças e jovens que estejam sem saber o que fazer, sem conhecer o esporte paralímpico, principalmente, sem saber que existe uma opção e descobrir novos talentos”.
Projetos que podem ser incentivados
A Incentiv reúne uma variedade de projetos que podem receber recursos por meio das leis de incentivo ao esporte.
O Instituto Athlon, que desenvolve atividades esportivas para pessoas com deficiência em São José dos Campos (SP), terá representantes nas Paralimpíadas deste ano em Paris em modalidades como Atletismo, Bocha, Ciclismo, Halterofilismo, Judô, Remo, Tiro com Arco, Tiro Esportivo e Triatlo.
O Instituto Fausto Giannecchini – Esporte & Educação, instituição não governamental sem fins lucrativos de Franca (SP), criada em 2009 pelo Professor de Educação Física e atleta de Basquete Fausto, tem por proposta continuar criando oportunidades e oferecendo alternativas, que visam diminuir a desigualdade social. A proposta do Projeto Basquete – Bola na Mão e Bola na cesta Ano I é criar uma juventude saudável, educar e socializar meninos e meninas, contribuindo para o desenvolvimento físico, social, intelectual e emocional, reafirmando a oportunidade da prática da atividade física e desportiva. São beneficiados 200 alunos da Rede Estadual de Ensino de ambos os sexos com inscrições gratuitas e contempladas com uniforme completo e reforço alimentar.
A Associação Spartan Sport nasceu a partir da prática do futsal por um grupo de mulheres, amigas, que se encontravam para praticar seu esporte favorito. Com o tempo, novas mulheres foram se juntando ao grupo, bem como adolescentes, criando a necessidade de que a modalidade fosse difundida na cidade de Uberaba (MG). Com sede localizada em um bairro de grande vulnerabilidade social, desenvolve uma atividade mais direcionada a adolescentes e mulheres vítimas de violência doméstica.
O projeto Rugby para Todos, no bairro Paraisópolis, em São Paulo, tem como objetivo atuar no desenvolvimento integral de 250 crianças e adolescentes, com idades entre 07 e 18 anos, utilizando a modalidade rugby como meio eficaz para promoção da cidadania, realizando o acompanhamento educacional, esportivo, social e cultural dos atendidos. O Rugby para Todos transformou o esporte em uma potente ferramenta de inclusão social, promovendo às crianças e aos jovens periféricos o direito básico de acesso ao esporte, ao lazer e a educação, de forma inclusiva, igualitária, baseada nos princípios dos direitos humanos e desenvolvimento sustentável.
O projeto Braçadas que Transformam oferece atividades esportivas, educacionais e culturais para 180 crianças e jovens de 07 a 17 anos, estudantes da rede pública do estado do Recife e que vivem em situação de vulnerabilidade social.
O projeto CO-LEAGUE, UM TIME, UM CAMINHO, de São Paulo (SP), é voltado a jovens atletas brasileiras praticantes do voleibol, em qualquer nível de desenvolvimento, na faixa etária de 14 aos 18 anos, que tenham interesse em continuar jogando o voleibol e ao mesmo tempo desenvolver sua carreira acadêmica, utilizando a prática do esporte como um caminho para alcançarem uma bolsa de estudos em Universidades.
O projeto Fute-katê: Lapindando Sonhos para Transformar a Realidade tem como objetivo orientar e estimular a prática da atividade esportiva do futebol e do karatê a crianças e adolescentes na faixa etária dos 6 aos 18 anos, cujas famílias são de baixa renda, estão em situação de vulnerabilidade social, vivem em bairros de área conflagrada pela violência e moram numa localidade carente de atividades esportivas.
O projeto Gerando Campeões da Vida, fundado em 2011 pelo Campeão do Mundo FIFA de Beach Soccer, Fernando Ddi, oferece núcleos esportivos próximos das comunidades de baixa renda, desenvolvendo o social, físico e a educação das crianças e jovens. Já são 15 núcleos esportivos educacionais, impactando mais de 900 crianças em seis cidades de Pernambuco.
O projeto Meca Esportes desenvolve atividades esportivas para crianças e adolescentes com deficiência física, promovendo a reabilitação de 100 crianças e adolescentes com deficiência em contexto multidisciplinar, por meio de atividades esportivas e de atividades físicas terapêuticas para o desenvolvimento psicomotor e a melhoria da qualidade de vida.
O projeto Tênis Transformando Vidas MG realiza aulas de tênis para 400 crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade em diversos núcleos no estado de Minas Gerais.
O projeto Mestres do Skate visa à implantação de uma escola de skate para atender gratuitamente 100 crianças e adolescentes, entre 08 e 18 anos, de ambos os sexos, na pista pública de skate de Mauá (SP). A prioridade é atender jovens da rede pública de ensino, que se encontram em estado de vulnerabilidade social no contraturno escolar.
O projeto Vem Ser Fantástica!!! Novas Possibilidades oferece aulas gratuitas de Ginástica Rítmica para comunidades carentes de esporte e para estudantes de escolas públicas nas cidades de Turvo e Piraquara, no Paraná.
Sobre a Incentiv
A Incentiv é um ecossistema de soluções focadas em gerar impacto social positivo, que conecta empresas, pessoas e projetos socioambientais, através de leis de incentivo fiscal. A missão da empresa é transformar impostos em impacto social, através da atuação em rede, com o propósito de solucionar as dificuldades que existem tanto para as empresas investidoras quanto para os projetos proponentes, oferecendo produtos e soluções específicas para cada um deles. As empresas podem contar com tecnologia para toda a jornada de uso das leis de incentivo fiscal, enquanto os proponentes recebem apoio para otimizar a jornada de captação até o monitoramento dos resultados. A Incentiv é uma das 100 startups mais promissoras do país, eleita pelo ranking 100 Startups To Watch.
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