Em tempos de tensão comercial, quando os olhos do mundo se voltam para as maiores potências globais, uma mensagem clara e firme ecoa de Pequim: a China está pronta para o embate econômico com os Estados Unidos — e não teme as novas ameaças do ex-presidente Donald Trump.
O recado foi publicado neste domingo (6) no Diário do Povo, jornal oficial do Partido Comunista Chinês (PCCh), que atua como voz institucional do governo. O tom do editorial? Aquele de quem já enfrentou tempestades antes — e aprendeu a navegar com elas.
Conteúdos
GUERRA COMERCIAL? A CHINA DIZ: “ESTAMOS PREPARADOS”
A nova rodada de ameaças vindas de Washington não pegou ninguém de surpresa. No editorial, o jornal ressalta que a China já esperava novas tentativas de contenção por parte dos EUA. E mais: garante que o país asiático está pronto para responder com estratégia e serenidade.
“Sabemos o que estamos fazendo e temos estratégias em mãos. Estamos travando uma guerra comercial com os EUA há oito anos e acumulamos uma rica experiência nessa luta”, afirmou o Diário do Povo.
A resposta vem justamente após Trump ameaçar Pequim com tarifas adicionais de 50% sobre produtos chineses — uma retaliação direta às medidas recíprocas anunciadas pela China.
DO LAGO AO OCEANO: O PODER DA ECONOMIA CHINESA
Em meio à escalada de tensões, o editorial evocou as palavras do presidente Xi Jinping, que comparou a robustez da economia nacional com um oceano inabalável:
“A economia chinesa é um oceano, não um pequeno lago. Tempestades podem virar um pequeno lago, mas não podem virar o oceano”, disse Xi Jinping, citado pelo jornal.
Esse posicionamento reforça a confiança do governo chinês na sua capacidade de resistir a choques externos — e até de usá-los como combustível para o avanço tecnológico e a modernização econômica.
TARIFAS DOS EUA: IMPACTO EXISTE, MAS CHINA APONTA CAMINHOS
O jornal reconhece: as barreiras impostas pelos EUA afetam, sim, as exportações chinesas e aumentam a pressão sobre a economia no curto prazo. Mas isso significa fraqueza? Para Pequim, não. Pelo contrário.
“Terá inevitavelmente um impacto negativo nas exportações da China no curto prazo e aumentará a pressão sobre a economia”, afirmou o texto.
No entanto, o discurso rapidamente se transforma em um chamado à ação. “Devemos transformar pressão em motivação”, diz o editorial, que vê no cenário atual uma oportunidade estratégica para acelerar um novo modelo de desenvolvimento econômico.
MENOS DEPENDÊNCIA DOS EUA, MAIS FOCO NO INTERNO
Ao longo dos últimos anos, a China tem diminuído gradualmente sua dependência do mercado norte-americano. Dados apresentados pelo Diário do Povo mostram que a participação dos EUA nas exportações chinesas caiu de 19,2% em 2018 para 14,7% em 2024.
Paralelamente, Pequim intensificou o foco em seu imenso mercado doméstico, que representa hoje 75% de todo o volume de negócios das empresas exportadoras. Dessas empresas, 85% já têm operações consolidadas no mercado interno.
“Devemos adotar a expansão da demanda interna como uma estratégia de longo prazo, nos esforçar para fazer do consumo a principal força motriz e lastro para o crescimento econômico”, destacou o editorial.
CHINA, UM HUB GLOBAL DE PARCERIAS
Mesmo com o endurecimento da postura dos EUA, a China segue como principal parceiro comercial de mais de 150 países, incluindo o Brasil e grande parte da América do Sul. Essa rede de alianças fortalece o país frente às instabilidades causadas por disputas bilaterais.
“A cooperação econômica e comercial em mercados emergentes tem enorme potencial e está se tornando cada vez mais uma base importante para estabilizar nosso comércio exterior”, acrescentou o texto oficial.
Além disso, o editorial chama atenção para o grau de dependência dos EUA em relação a diversos produtos chineses — incluindo bens de consumo, investimentos e insumos industriais. “A taxa de dependência de diversas categorias ultrapassa 50%, e será difícil encontrar fontes alternativas no mercado internacional no curto prazo”, pontua.
ECONOMIA RESILIENTE, CENÁRIO OTIMISTA
Mesmo sob pressão, a China continua inspirando confiança nos mercados globais. O texto destaca que instituições financeiras de Wall Street aumentaram suas projeções para o crescimento chinês e veem o país como um porto seguro diante da volatilidade americana.
“Muitas instituições financeiras de Wall Street […] consideram a ‘certeza’ da China como um porto seguro para se proteger contra a ‘incerteza’ dos EUA”, publicou o Diário do Povo.
E AGORA?
Em um mundo em constante reconfiguração econômica, onde choques comerciais se tornaram quase rotineiros, a China aposta na resiliência e no planejamento estratégico para seguir crescendo. Mais do que isso: pretende transformar cada tensão em oportunidade.
Afinal, como questiona o próprio editorial: por que temer o céu se sabemos como construir pontes entre as nuvens?
Fonte: Agência Brasil
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