Solução sustentável criada no Brasil pode substituir plásticos em embalagens de equipamentos eletrônicos

Pesquisa brasileira cria material anti-estático que une alta tecnologia e respeito ao meio ambiente

Você já imaginou que o bagaço da cana-de-açúcar poderia ter um papel essencial na proteção de chips, semicondutores e outros dispositivos eletrônicos de alto valor? Pois é exatamente isso que um time de pesquisadores brasileiros está tornando realidade. Em um movimento que une sustentabilidade e inovação, cientistas do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) desenvolveram uma embalagem revolucionária com foco em segurança eletrostática e impacto ambiental mínimo.

DO RESÍDUO AGRÍCOLA À PROTEÇÃO DE ALTA TECNOLOGIA

Batizado de criogel condutivo, o novo material nasce da combinação entre bagaço de cana e negro de fumo — uma substância derivada da combustão incompleta de matéria vegetal ou de produtos petrolíferos. O resultado? Um composto leve, poroso, resistente ao fogo e com propriedades condutivas ajustáveis que promete substituir o plástico na proteção de componentes eletrônicos sensíveis.

Estamos falando de itens que compõem o coração de celulares, computadores, televisores e até automóveis, e que demandam embalagens capazes de evitar descargas eletrostáticas. A proposta vai além da funcionalidade: ela toca na urgência da nossa era — reduzir o impacto ambiental da cadeia produtiva.

“Nosso objetivo é oferecer uma alternativa sustentável para a indústria de embalagens de produtos eletrônicos sensíveis, substituindo materiais plásticos por opções menos poluentes e de alto desempenho”, explica Juliana Bernardes, coordenadora do estudo.

UM MATERIAL AJUSTÁVEL, EFICIENTE E ECOLÓGICO

A beleza do criogel condutivo está justamente em sua versatilidade funcional. Dependendo da concentração de negro de fumo, ele pode atuar com diferentes níveis de condutividade elétrica.

— Em baixas concentrações (1% a 5%), o material dissipa as cargas eletrostáticas de forma gradual, ideal para embalar dispositivos delicados.
— Já em teores mais altos (acima de 10%), o criogel se transforma em um condutor mais potente, sendo útil para aplicações industriais mais exigentes.

Além disso, a resistência mecânica elevada e a dificuldade em propagar chamas agregam valor competitivo, ampliando suas possibilidades de uso sem comprometer a segurança.

PATENTE DEPOSITADA E OLHARES VOLTADOS PARA O FUTURO

O produto já teve a patente depositada, e o CNPEM está em busca de parceiros industriais para transformar essa inovação em uma solução acessível em larga escala. A iniciativa é conduzida com o apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), e teve a participação das pesquisadoras Gabriele Polezi, Elisa Ferreira e do pesquisador Diego Nascimento, todos atuando no Laboratório Nacional de Nanotecnologia do CNPEM.

MATÉRIA-PRIMA ABUNDANTE E USO MILENAR

O projeto também destaca a riqueza das matérias-primas disponíveis no Brasil. A celulose utilizada no criogel pode ser extraída não apenas da cana, mas também de resíduos como palha de milho e cavacos de eucalipto. E o negro de fumo, embora possa soar como novidade para muitos, é um recurso conhecido desde as civilizações egípcia e chinesa, utilizado em pinturas, impressão e produção de pneus.

INOVAÇÃO VERDE A CAMINHO DAS INDÚSTRIAS

Ainda que os custos de produção não tenham sido definidos, as vantagens competitivas da inovação já despontam no cenário: menor impacto ambiental, resistência superior, uso de insumos abundantes e aproveitamento de resíduos agroindustriais.

Se você é do tipo que valoriza tecnologia limpa e funcionalidade inteligente, essa pode ser uma das grandes apostas do futuro. Afinal, quem disse que proteção e sustentabilidade não podem andar de mãos dadas?

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